Segundo um levantamento da organização Todos Pela Educação, quase 2,3 milhões de crianças de até 3 anos estão fora da creche no Brasil. Essa realidade alarmante foi identificada com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) e no Censo Escolar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante o período de 2016 a 2024.
A situação do atendimento em creches
Atualmente, a taxa de atendimento de crianças em creches no Brasil é de apenas 41,2%. Este número demonstra que o país ainda está longe de alcançar a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que visa atingir pelo menos 50% desse público até dezembro deste ano. A discrepância na taxa de atendimento se torna ainda mais evidente quando analisamos a situação por faixa de renda. No grupo dos 20% mais ricos, a taxa de atendimento é de 60%, enquanto para os 20% mais pobres, esse índice cai para 30,6%. Essa desigualdade continua a ser um grande desafio para a políticas públicas no Brasil.
Acesso para crianças de até 1 ano
O estudo da Todos Pela Educação também revelou dados preocupantes sobre o acesso para crianças de até 1 ano. Neste grupo, apenas 18,6% dos elegíveis têm acesso a creches. Esta informação reforça a urgência de políticas eficazes que garantam um atendimento mais inclusivo e igualitário.
A educação infantil em foco
Em relação à primeira etapa da educação básica, que abrange crianças com 4 e 5 anos, a situação parece um pouco mais positiva, com 94,6% desse público sendo atendido. No entanto, mesmo assim, mais de 329 mil crianças estavam sem escola em 2024. É importante destacar que a matrícula nessa faixa etária é obrigatória, mas o Todos Pela Educação aponta que a falta de matrícula muitas vezes se deve à escolha dos responsáveis, que optam por não colocar seus filhos na escola.
“Ainda que haja avanços a serem reconhecidos, o ritmo de expansão do acesso à Educação Infantil segue abaixo do necessário. Sem a adoção de políticas estruturantes para a expansão com qualidade e equidade, o Brasil continuará privando uma parcela significativa de suas crianças do direito à Educação Infantil,” afirma Manoela Miranda, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.
Desigualdade regional no acesso à educação
Outro ponto crítico destacado pelo estudo é a desigualdade no acesso à educação infantil entre diferentes regiões e estados do Brasil. Em 2024, São Paulo se destacou com a maior taxa de atendimento em creches, que alcançou 56,8%. Por outro lado, o estado do Amapá apresentou a taxa alarmante de apenas 9,7%. Essa disparidade reflete não apenas uma diferença no acesso, mas também nas oportunidades de desenvolvimento e aprendizado das crianças em diferentes partes do país.
Conclusão
O cenário encontrado na pesquisa é um chamado à ação para que o Brasil priorize a educação infantil, uma das bases fundamentais para o desenvolvimento das futuras gerações. A implementação de políticas que garantam não apenas acesso, mas também a qualidade da educação, é essencial para que todas as crianças tenham a oportunidade de se desenvolver e prosperar. A luta por uma educação inclusiva e equitativa deve ser uma das principais preocupações da sociedade e do governo, a fim de garantir que nenhuma criança fique para trás.