A empresa britânica British Petroleum (BP) revelou na semana passada a sua maior descoberta de petróleo e gás dos últimos 25 anos, na região do litoral brasileiro. A descoberta ocorreu em um poço de águas profundas na Bacia de Santos, a 404 km do Estado do Rio de Janeiro, em uma área do pré-sal a uma profundidade de 2.372 metros, conforme informações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Detalhes da descoberta e próximos passos
Segundo a ANP, o bloco onde a descoberta foi feita, conhecido como “Bumerangue”, está na fase inicial de avaliação — a primeira etapa do contrato de exploração. A BP, que detém 100% de participação na área, arrematou o direito de exploração em 2022 e atualmente realiza estudos como pesquisas sísmicas e perfurações para identificar possíveis reservatórios de petróleo e gás natural.
Por enquanto, a agência reguladora apenas confirmou a presença de hidrocarbonetos na área, após a empresa comunicar a descoberta à ANP, o que é previsto pelas regras em caso de indícios de hidrocarbonetos. Ainda não há confirmação de reservas comerciais. Caso os estudos avancem positivamente, a BP poderá realizar uma avaliação de viabilidade para a produção e, posteriormente, solicitar formalmente a declaração de comercialidade à agência.
Potencial do pré-sal e perspectivas futuras
João Victor Marques, pesquisador da FGV Energia, avaliou o anúncio como positivo, reforçando que o potencial do pré-sal ainda é relevante e que novas fronteiras de exploração, como na margem equatorial, na bacia do Pelotas e no Rio Grande do Sul, também devem ser exploradas. A descoberta reforça a importância do Brasil no mapa mundial de exploração de petróleo e gás natural.
Implicações econômicas e cláusulas contratuais
O contrato de exploração do bloco prevê que a BP deverá compartilhar até 5,9% do lucro óleo gerado, valor que será destinado à União. A modalidade de contratação exige que, caso haja indícios de reservas, a empresa devolva a área à ANP, que poderá licitá-la futuramente. Se confirmada a viabilidade de produção, a BP deverá apresentar à agência uma “declaração de comercialidade”, iniciando a fase de produção após instalação da infraestrutura adequada.
Impacto e próximos passos
O avanço na avaliação da jazida abrirá caminho para a possível produção de petróleo e gás natural na área, o que pode impactar positivamente as perspectivas energéticas do Brasil. Se os estudos não confirmarem a viabilidade de exploração, a área será devolvida à ANP, que poderá incluir a blocos em futuras licitações.
Para o especialista João Victor Marques, o desenvolvimento dessa descoberta pode fortalecer a posição do Brasil no setor energético e atrair novos investimentos para a exploração de novas fronteiras. A continuidade dos estudos será decisiva para determinar o futuro da jazida.