Brasil, 11 de agosto de 2025
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Parlamentares destinam emendas para clubes de futebol no Brasil

Um levantamento revela que deputados e senadores destinaram mais de R$ 13 milhões aos times no último trienal.

Recentemente, um levantamento revelou que deputados e senadores têm destinado recursos do Orçamento para financiar clubes de futebol em diversas partes do Brasil. No total, foram mais de R$ 13 milhões em emendas parlamentares nos últimos três anos, com um aumento significativo a partir de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) endureceu as regras para o uso de emendas por ONGs e prefeituras. Essa prática já foi fonte de críticas e debates acalorados, pois contrasta com as urgências sociais enfrentadas em algumas cidades brasileiras.

A paixão pelo futebol e as emendas parlamentares

Dentre os casos mais emblemáticos está o do senador Renan Calheiros (MDB-AL), um torcedor fervoroso do Clube de Regatas do CSA, que não hesitou em destinar R$ 1 milhão para o seu time do coração. Essa verba foi utilizada, em parte, para pagar a folha de funcionários, incluindo técnicos e jogadores das categorias de base, o que leva à discussão sobre a utilização do dinheiro público.

A presidente do CSA, Mirian Monte, confirmou que os recursos foram essencialmente voltados para o apoio da equipe profissional, embora também tenham beneficiado as categorias de base. “Essa emenda foi o que salvou um ano muito complicado do CSA”, afirmou ela, ressaltando a importância desse apoio financeiro na manutenção do clube.

Emendas ou passionais? A questão dos investimentos no futebol

Além do senador Renan, outros parlamentares também são conhecidos por destinar verbas aos seus clubes preferidos. Por exemplo, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) destinou R$ 1,5 milhão para o Operário Futebol Clube, um dos clubes mais tradicionais de Mato Grosso do Sul. Durante um evento na capital, Campo Grande, Soraya anunciou que parte dessa verba seria destinada ao time feminino, com a justificativa de que o futebol feminino precisa de mais apoio e visibilidade.

Por outro lado, a prática de direcionar verbas para clubes de futebol vem gerando críticas, principalmente quando se considera o contexto de algumas cidades que enfrentam problemas graves relacionados à infraestrutura e serviços públicos, como é o caso de Maceió, que apresenta índices preocupantes em questões de saneamento básico. O contraste entre o envio de recursos para esportes e as necessidades sociais é um tema que precisa ser debatido.

O papel do Ministério do Esporte

O Ministério do Esporte também se manifestou sobre o uso das emendas e declarou que, caso se prove que os recursos foram utilizados com destinação diferente da proposta, os clubes terão que devolver o dinheiro. “Todos os termos mencionados são oriundos de emenda parlamentar, portanto, de execução obrigatória”, destaca a nota oficial.

Em meio a essas discussões, cabe considerar se as emendas para clubes de futebol são a melhor forma de utilizar o orçamento público ou se esses recursos deveriam ser redirecionados para áreas que demandam atenção mais urgente, como saúde, educação e infraestrutura.

A competição entre os clubes e a necessidade de transparência

No cenário amplo, o Ideal Futebol Clube, de Ipatinga (MG), se destacou como o campeão em emendas, recebendo R$ 2,5 milhões em apoio financeiro. A escassez de recursos públicos gerados para a população em geral levanta a questão da transparência nas práticas de financiamento dos clubes e o verdadeiro impacto desse investimento na sociedade.

Os depoimentos de parlamentares e dirigentes indicam que muitas vezes os recursos também visam desenvolver projetos sociais, embora a linha entre o apoio genuíno ao esporte e a promoção política possa ser tênue. A relação entre o financiamento de clubes e a promoção de políticas sociais deve ser investigada de forma minuciosa para que se promovam práticas mais equilibradas e eficazes.

Enquanto o futebol continua a dominar o coração dos brasileiros, a responsabilidade de como e onde os recursos públicos são aplicados precisa ser uma prioridade, assegurando que as comunidades que necessitam de apoio não fiquem à margem em prol de interesses pessoais ou de grupos específicos.

Ouvindo tanto a paixão pelo futebol quanto o clamor por justiça social, o debate público já é um passo importante rumo a uma aplicação mais equilibrada dos recursos disponíveis. A questão é se os clubes, os parlamentares e a sociedade estão prontos para enfrentar esse desafio.

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