A China solicita aos Estados Unidos que flexibilizem os controles de exportação de um componente fundamental para a produção de chips de inteligência artificial, o chip de memória de alta largura de banda (HBM). A medida faz parte de uma estratégia diplomática para tentar avanços nas negociações comerciais que preveem uma cúpula entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump, informou o Financial Times nesta quinta-feira (10).
Pressões chinesas e negociações em andamento
Autoridades chinesas revelaram a especialistas em Washington que Pequim deseja que o governo americano afrouxe as restrições ao exportar chips HBM, utilizados em aplicações de alta performance na IA. Durante três rodadas de negociações lideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, mencionou o tema do HBM, segundo fontes próximas ao FT.
Medidas dos EUA e preocupações de segurança
Nos últimos anos, o Departamento de Comércio dos EUA tem tomado medidas para limitar o comércio de chips de ponta com a China. Em 2022, Biden anunciou restrições à compra ou produção de chips avançados, incluindo a proibição de exportar o chip HBM para o país. Após um encontro entre o CEO da Nvidia, Jensen Huang, e Trump, as autoridades americanas começaram a liberar licenças para a Nvidia exportar chips H20 à China, apesar de preocupações de segurança, conforme relatou a Reuters.
A Nvidia criou especialmente o chip H20 para o mercado chinês após a imposição de controles de exportação dos EUA, visando restringir o acesso da China a tecnologias de IA mais avançadas, como forma de conter o avanço de fabricantes como Huawei e SMIC.
Contexto e impacto internacional
Especialistas acreditam que a China está mais interessada na busca por uma flexibilização dos controles sobre os chips HBM, pois esses componentes limitam a capacidade de empresas chinesas desenvolverem seus próprios chips de IA. Essa pressão ocorre no momento em que Washington considera prorrogar por mais 90 dias o acordo de trégua nas tarifas comerciais com Pequim, evitando a retomada de tarifas elevadas antes do prazo final de 12 de agosto, de acordo com o Financial Times.
Segundo fontes, o desejo chinês de obter maior liberdade de exportação de chips é visto por os Estados Unidos como uma questão de vantagem econômica e militar em IA. Uma carta assinada por 20 especialistas em segurança alertou o secretário de Comércio, Howard Lutnick, de que liberar vendas de chips H20 para a China seria um “erro estratégico”, colocando em risco a liderança dos EUA na área.
Perspectivas futuras
Analistas indicam que as negociações estão bastante tensas, e que a decisão do governo Biden sobre afrouxar os controles de exportação poderá influenciar significativamente o cenário diplomático e econômico entre as duas nações. Ainda não há confirmação de uma mudança de postura por parte de Washington, mas sinais indicam que o tema seguirá em pauta nas próximas semanas.
Mais detalhes sobre as negociações podem ser acompanhados na reportagem completa disponível no O Globo.