O ex-presidente Donald Trump se encontrará nesta sexta-feira com líderes do Azerbaijão e Armênia para assinar uma declaração de paz que visa encerrar quase quatro décadas de conflito na região do Cáucaso. O acordo inclui a concessão dos direitos exclusivos dos EUA para desenvolver uma rota de trânsito estratégica na fronteira entre os dois países, marcando uma vitória para o Ocidente na disputa de influência na área.
Pacificação e controle de rota estratégica no Cáucaso
O acordo prevê que os EUA terão privilégio exclusivo para desenvolver uma rota de trânsito na região de Zangezur, uma faixa montanhosa na Armênia, que conecta o Azerbaijão ao mundo externo. Esse caminho, agora batizado de Rota Trump para Paz e Prosperidade Internacional — ou TRIPP, na sigla em inglês — representa uma derrota para o controle de Rússia e Irã na região, que historicamente buscam dominar rotas de comércio e energia na região do Cáucaso.
Desde 1988, Azerbaijão e Armênia vivem um conflito provocado pela disputa pela enclave de Nagorno-Karabakh, que declarou independência após a desestruturação da União Soviética. Os confrontos ocasionais resultaram na morte de mais de 36.000 pessoas e, em 2020, uma guerra de 44 dias deixou pelo menos 6.000 vítimas. Durante esse período, a influência da Rússia no conflito diminuía, especialmente após sua prioridade com a invasão da Ucrânia em 2022, que impediu ações mais contundentes em favor de uma paz duradoura.
Impasse e futuro da paz na região
Durante a cerimônia de assinatura, líderes do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e da Armênia, Nikol Pashinyan, devem assinar uma carta conjunta solicitando que a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), órgão intergovernamental responsável pelo processo, dissolva o Grupo de Minsk. Criado em 1994 com Mediação russa, francesa e norte-americana, o grupo é considerado impotente após a incapacidade de impedir a ocupação de Nagorno-Karabakh pela Azerbaijão em 2023 e a fuga de cerca de 100 mil armênios da região.
Trump afirmou nas redes sociais que o acordo representa uma tentativa de acabar com o conflito, escrevendo que “Muitos líderes tentaram encerrar a guerra, sem sucesso, até agora, graças a ‘TRUMP’.” Ainda não está claro quanto essa iniciativa contribuirá para uma paz duradoura na região.
Perspectivas de cooperação e influência dos EUA
Segundo a Casa Branca, o acordo oferece aos Estados Unidos direitos exclusivos para desenvolver uma rota de transporte na região, fortalecendo a cooperação em energia, tecnologia e economia, especialmente na Europa. Um funcionário da administração afirmou que “o que isso fará pelos negócios americanos e recursos energéticos na Europa será incrivelmente poderoso”, acrescentando que “os perdedores aqui são China, Rússia e Irã. Os vencedores, o Ocidente”.
Este movimento amplia o portfólio de Trump de acordos de paz e cooperação econômica, que o fizeram ser indicado por líderes mundiais ao Prêmio Nobel da Paz, apesar de ainda contaminar o cenário diplomático global por confrontos que permanecem sem resolução em Gaza e na Ucrânia.
Desafios e próximos passos
Especialistas alertam que o acordo pode representar um avanço simbólico na região, mas sua eficácia dependerá do cumprimento das negociações de fronteira e da manutenção de uma paz duradoura. A expectativa é que as negociações e implementação do acordo sejam acompanhadas de perto por atores internacionais, incluindo a OSCE, e que os esforços diplomáticos continuem para sanar as disputas ambientais e territoriais remanescentes.