Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (7/8) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que cerca de 577 itens exportados pelo Brasil para os Estados Unidos na área de aviação civil poderão pagar uma tarifa de apenas 10%, em vez de 50%, devido a uma exceção negociada após as tarifas unilaterais impostas pelos norte-americanos.
Impacto das tarifas no comércio de aviação civil
Segundo o estudo da CNI, com a aplicação da isenção prevista para a aviação civil, a tarifa adicional de 40% aplicada a 601 produtos poderia ser reduzida, beneficiando substancialmente diversos setores. “Se a exceção for aprovada, esses produtos serão sujeitos somente à tarifa de 10% ou ficarão isentos de ambas as taxas”, destacou a análise.
Setores mais afetados pela mudança
- Máquinas e equipamentos (34,9%)
- Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (26,5%)
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (17,7%)
- Produtos de borracha e plástico (7,2%)
- Outros equipamentos de transporte (7,1%)
Contexto do tarifaço de Donald Trump
- Em 31 de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem oficializando tarifas de 50% destinadas a produtos brasileiros, incluindo uma tarifa inicial de 10% anunciada em abril e um incremento de 40% oficializado em 30 de julho.
- Apesar da tarifa de 50%, quase 700 produtos foram deixados de fora dessa lista, incluindo suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro. Esses produtos continuam sendo afetados apenas pela tarifa de 10%.
- As tarifas entraram em vigor em 6 de agosto, respondendo a uma política de proteção da indústria norte-americana.
- Em resposta, o governo brasileiro protocolou na Organização Mundial da Comércio (OMC) um pedido de consulta contra as tarifas unilaterais dos EUA, em Genebra, no dia 6 de agosto.
Principais produtos isentos de sobretaxas
As exportações brasileiras isentas do tarifaço de Trump concentram-se sobretudo na indústria extrativa, que representa 68,9% do total, destacando-se o petróleo leve e pesado. Na indústria de transformação, o setor de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis responde por 21,5% dessas exportações.
Setores afetados em números
“A indústria de transformação responde por 69,9% do valor exportado aos Estados Unidos, com 7.184 produtos afetados pelas tarifas que totalizaram US$ 12,3 bilhões em 2024”, aponta o estudo da CNI.
As categorias de maior impacto são vestuário e acessórios (14,6%), máquinas e equipamentos (11,2%), produtos têxteis (10,4%), alimentos (9%), químicos (8,7%) e couro e calçados (5,7%). Ainda, setores de aço, alumínio e cobre, sob tarifa Seção 232, devem pagar tarifa de 50%, totalizando quase metade das exportações brasileiras aos EUA, que representam 50,7% do total exportado ao país.
Perspectivas para o comércio brasileiro
O levantamento sinaliza que a redução das tarifas para produtos de aviação civil pode aliviar o impacto das tarifas de 50% para quase 600 itens, facilitando a continuidade das exportações brasileiras na área. No entanto, o desafio permanece na negociação e na resistência do governo norte-americano, enquanto o Brasil busca respaldo na OMC para reduzir os efeitos dessas medidas protecionistas.
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