Nesta quarta-feira, 6 de agosto, a juíza-ouvidora do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávia Martins de Carvalho, lançou seu novo livro intitulado “Diário de uma ausência: Fragmentos de memória”. O evento ocorreu na Livraria Circulares, localizada na Asa Norte, e reúne reflexões profundas sobre a convivência com o luto após a morte de sua mãe, Maria de Fátima Martins de Carvalho. A obra se destaca não apenas pela profundidade emocional, mas também pela forma como a autora utiliza a escrita como uma ferramenta de sobrevivência e expressão diante da dor.
A escrita como forma de enfrentamento
Em uma entrevista ao portal G1, Flávia explica que a escrita representa uma maneira de lidar com as dificuldades que a vida traz, permitindo-lhe externalizar sentimentos que muitas vezes são difíceis de digerir. “A escrita é uma forma de sobreviver ao mundo, pois me possibilita falar de coisas que são muito difíceis, para mim, de engolir. A maneira que eu tenho para não engolir essas coisas que me sufocam é colocar para fora por meio da escrita”, revela a juíza.
O livro possui uma capa simbólica que retrata um rio, e, através dela, a autora evoca a experiência de entrar em um rio gelado. Sem coragem para mergulhar, ela utiliza essa imagem como uma metáfora para o reencontro com a figura materna. Essa relação com a água se torna uma conexão emocional profunda, refletindo sobre a origem e a vida que compartilhou com sua mãe.
A dor da perda e a força da literatura
Flávia compartilha a dor inerente à perda da mãe, ressaltando que essa experiência, embora dolorosa, é uma parte inevitável da vida. Ela enfatiza que a literatura não visa substituir a ausência, mas sim auxiliar na suportar esse processo. O trecho mais representativo do livro, presente na contracapa, fala sobre a dor que permanece: “Ainda dói, mas estou me acostumando. Pode ser que a dor aumente quando virar o tempo ou quando algo bater bem em cima. É uma marca que não se apaga; uma falta impossível de se preencher.”
A autora menciona que a leitura e a escrita servem como remédios para estabilizar sua saúde emocional. As crônicas, poesia e romances que consome estão interligados com seu processo de luto e cura, mostrando que a literatura pode ter um papel essencial em momentos difíciles.
Quem é Flávia Martins de Carvalho
Natural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Flávia Martins de Carvalho teve um início modesto e seu primeiro contato com a literatura se deu através de um único livro sobre um cãozinho. Durante a adolescência, a paixão pela leitura cresceu, levando-a a cursar Comunicação Social na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Posteriormente, ela trocou a Comunicação pelo Direito, formando-se aos 30 anos.
A sua trajetória é marcada pela superação. Flávia ressalta que tornar-se juíza não era um sonho que parecia possível, vindo de uma realidade de pobreza e desafios. Após concluir o mestrado e avançar no doutorado, em 2023, ela foi convidada a ocupar uma importante posição no STF como juíza-ouvidora. Além de “Diário de uma ausência”, Flávia já publicou quatro livros homenageando a trajetória de mulheres em diversas áreas do conhecimento.
O livro “Diário de uma ausência: Fragmentos de memória” não apenas traz à tona a dor da perda, mas também se torna um testemunho da capacidade da literatura de nos confortar em tempos difíceis, uma mensagem que ressoa profundamente em um mundo muitas vezes marcado pela solidão e pelo luto.
O lançamento foi bem recebido e chama a atenção para a importância dos relatos pessoais na literatura, destacando a conexão emocional que é tão necessária na busca por compreensão e cura.
Quem se interessa por temas como luto, memória e literatura certamente encontrará nesta obra uma leitura emocionante e reflexiva, que nos lembra da fragilidade da vida e da força que a escrita pode proporcionar.
Para mais informações, acesse a matéria completa no G1.