O relógio do Dr. Pessoa marcava 15h; era o início da convenção que, no sábado passado, homologou a candidatura à reeleição do atual prefeito de Teresina.
Quem acompanhou as últimas pesquisas eleitorais na imprensa não tinha nenhuma expectativa de que o evento, que reuniu os partidos PRD, PL e Avante, contaria com público suficiente para lotar o espaço escolhido.
À medida que as pessoas chegavam, o rosto dos presentes era encoberto por uma expressão de surpresa. Inclusive os repórteres dos mais diferentes veículos de comunicação, incrédulos diante da capacidade de mobilização do atual prefeito. O espaço ficou tão lotado que era difícil se deslocar na parte interna do Teresina Hall. No estacionamento, outro mar de pessoas.
Era o sinal de que Dr. Pessoa não está morto politicamente. Surpreendentemente, havia muita gente no evento. Os organizadores afirmam que foram quinze mil visitantes. Alguns adversários reconhecem que foram mais de dez mil participantes. O certo é que foi maior que a convenção do candidato Silvio Mendes (UB), que lidera a maioria das sondagens eleitorais. Um pouco menor que a de Fábio Novo (PT), realizada em espaço aberto, demonstrando toda a estrutura do governo à sua disposição.
A demonstração de que o velho está vivo politicamente foi além da quantidade de pessoas presentes na convenção. O candidato a prefeito demorou a chegar ao palco, pois eram as pessoas tentando abraçá-lo. Ali, naquela convenção, não se via a rejeição apontada nas pesquisas.
Mas outra coisa assustou seus adversários: Dr. Pessoa demonstrou vigor físico. Encenou sua vida, desde a roça até sua formatura como médico. Pulou, gritou. Como sempre, não teve vergonha de demonstrar sua alegria e dançou.
Pelo menos do “efeito Biden”, que tentaram aplicar nele e em Silvio Mendes, Dr. Pessoa se livrou. Já Silvio pagou o preço por uma convenção menor e menos empolgante. Neste começo, o estilo do atual prefeito de ser e de fazer campanha parece que vai fazer alguma diferença diante do atual líder das pesquisas.
Tudo isso abalou o meio político e suscitou dúvidas quanto à veracidade das pesquisas eleitorais – era o comentário na cidade durante a semana. Fontes internas do PT e do União Brasil, ouvidas pela reportagem, já falam na necessidade de alguma mudança nas estratégias de seus candidatos, Novo e Mendes.
Dr. Pessoa nunca havia, diretamente, feito nenhum ato de pré-campanha. Passou ao largo dos adversários. Mas, no seu primeiro passo, já conseguiu abalar as estruturas eleitorais.
Talvez o governador Rafael Fonteles e Fábio Novo tenham menosprezado Dr. Pessoa.
Como diz um velho provérbio japonês: “Vença a si mesmo e terá vencido o seu próprio adversário.”
Dr. Pessoa está lutando para vencer suas próprias dificuldades, e ao fazê-lo, seus adversários correm o risco de serem derrotados.