O influenciador digital baiano Vinícius Oliveira Santos, mais conhecido como “Boca de 09”, de 17 anos, se viu no centro de uma polêmica nas redes sociais após um episódio que levantou questões sobre intolerância religiosa. O jovem, que trabalha como motorista de aplicativo, registrou uma live em que buscava uma passageira em um terreiro de candomblé, uma religião de matriz africana, no município de São Caetano do Sul, em São Paulo.
Entenda o caso de intolerância religiosa
Na transmissão ao vivo, enquanto aguardava a passageira, Boca de 09 fez comentários que foram considerados ofensivos por muitos internautas. Ele afirmou: “Meu Deus, tropa, aqui é um terreiro. Juro por Deus, macumbeira.” O influenciador ainda chegou a dizer à mulher que deixasse a corrida e expressou alívio por não ter que levar alguém de um terreiro, o que, segundo ele, poderia “pesar o carro todo”. Essas declarações rapidamente geraram indignação nas redes sociais, com usuários acusando o jovem de preconceito e intolerância religiosa.
Internautas rapidamente reagiram às suas palavras. Alguns criticaram sua postura irreverente, afirmando que sua atitude era uma demonstração de intolerância religiosa e preconceito, enquanto outros questionaram sua idoneidade como motorista de aplicativo, dada sua falta de idade e experiência.
Boca de 09 se defende das acusações
Após as críticas, Boca de 09 fez uma nova transmissão ao vivo para se defender. Ele questionou a narrativa que o ligava a um preconceito contra a religião de origem africana: “Só por ser preto eu tenho que ser macumbeiro? Não entendi o que vocês querem dizer. Para mim, isso é racismo. Todo baiano é macumbeiro?” Com essas declarações, ele tentava desviar a atenção das acusações, posicionando-se como vítima de um sistema que ainda perpetua estigmas raciais.
Além da polêmica envolvendo o terreiro, o influenciador também foi abordado pela Guarda Civil Municipal de São Caetano do Sul, mesmo não possuindo a Carteira Nacional de Habilitação, já que tem menos de 18 anos. Apesar de ser liberado, a Prefeitura de São Caetano informou que um processo interno seria aberto para apurar a conduta dos agentes envolvidos na abordagem.
Abordagem policial registrada
Este não é o único incidente envolvendo o influenciador. Em outubro de 2024, a Polícia Militar da Bahia começou a investigar uma abordagem que ele publicou nas redes sociais, onde um policial, aparentemente em tom de ameaça, falou sobre fazer um “vídeo lindo” para o Instagram caso Boca de 09 tivesse alguma substância ilícita em seu poder. O caso rapidamente se espalhou, gerando debates sobre a conduta policial e a relação com jovens influenciadores.
A história de Boca de 09
Vinícius Oliveira, natural de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, rapidamente conquistou fama nas redes sociais, acumulando mais de 11 milhões de seguidores no Instagram. Ele se destacou por seus conteúdos de humor e situações cotidianas que ressoam com o público jovem. Recentemente, ele viralizou em um vídeo em que jogou futevôlei com o jogador Jimmy Butler, do Miami Heat, e se tornou uma figura conhecida entre os influenciadores mais populares do Brasil.
O apelido “Boca de 09” surgiu após ele se descrever dessa forma em um de seus vídeos, e desde então, ele se tornou um fenômeno virtual. A sua capacidade de conectar-se com a audiência, misturando humor e realidade, ajuda a explicar como ele passou de um jovem comum a um influenciador de sucesso que até conseguiu presentear sua mãe com um carro de luxo.
O impacto nas redes sociais
O caso de Boca de 09 é um lembrete da responsabilidade que os influenciadores têm, não apenas em entreter, mas também em compreender o impacto de suas palavras. O episódio levanta questões sobre como a intolerância religiosa e o racismo continuam a ser temas delicados na sociedade brasileira. Com sua grande base de seguidores, é essencial que figuras públicas como ele慎eçam a promover diálogos respeitosos e informados, em vez de perpetuar estigmas e preconceitos.
Com as repercussões contínuas dessa polêmica, a história de Boca de 09 desafia tanto seus fãs quanto críticos a refletirem sobre a diversidade cultural e religiosa, e como cada um de nós, independente de nossa origem, pode contribuir para uma sociedade mais inclusiva.