Brasil, 13 de novembro de 2025
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Trump mira no Brics e impõe tarifas de 50% ao Brasil

Decisão de Trump de tarifar exportações brasileiras está ligada à hostilidade ao grupo dos Brics e à tentativa de manter a hegemonia do dólar

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última quarta-feira (30/1) tarifas de 25% sobre produtos importados da Índia e de 50% sobre itens brasileiros, iniciando uma política de sanções que reforça sua hostilidade ao bloco dos Brics. A medida, que afeta quase 700 produtos, inclui também a intenção de impor sanções aos países do grupo, considerados por Trump como uma ameaça à liderança americana.

Razões por trás das tarifas e o antagonismo ao Brics

Trump afirmou que a participação do Brasil e de outros países do Brics na formação de um grupo considerado “anti-Estados Unidos” justifica a imposição de tarifas elevadas. Segundo o presidente, o bloco representa uma “rejeição ao dólar” e tenta criar uma nova ordem mundial multipolar, desafiando a hegemonia americana pós-Segunda Guerra Mundial. “Eles têm o Brics, que é basicamente um grupo de países que são anti-Estados Unidos”, declarou Trump na Casa Branca. “É um ataque ao dólar, e não vamos deixar ninguém atacar o dólar.”

A hostilidade do governo americano também se dá pelo fato de o Brics promover uma agenda de reformas em instituições como o FMI e o Banco Mundial, além de discutir a criação de uma moeda comum que possa substituir o dólar nas negociações internacionais. Líderes do bloco, como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, defendem uma maior autonomia financeira, incluindo o uso de moedas nacionais em transações comerciais.

O impacto do Brics na geopolítica mundial

Formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, e outros países, o Brics representa quase metade da população mundial e cerca de 40% da riqueza global. Analistas como Marta Fernandez, do BRICS Policy Center, interpretam o posicionamento de Trump como um esforço de deslegitimar essa união que desafia a ordem tradicionalmente dominada pelo Ocidente.

“Desde a sua criação, o Brics disputa os contornos de uma nova ordem mundial, promovendo um sistema mais multipolar, com maior representatividade de países em desenvolvimento. Para Trump, esse protagonismo é uma ameaça à hegemonia dos EUA”, explica Fernandez. Ela também destaca que países como Egito, Etiópia, Irã e Indonésia já ingressaram no bloco nos últimos anos, além de interessados como a Arábia Saudita e a Argentina.

Possíveis consequências das sanções americanas ao grupo

O aumento das tensões levou Trump a ameaçar que o bloco poderia “acabar muito rapidamente” caso avance com seus planos de criar um sistema financeiro alternativo ao dólar. O presidente americano também acusou o Brics de tentar “destronar o dólar”, o que, na visão de analistas, é visto como uma provocação de caráter quase existencial aos EUA.

Internamente, as ações de Trump podem reforçar a coesão do grupo, que vê nas sanções uma oportunidade de fortalecer sua autonomia financeira e política. Segundo Lucas Leite, da Fundação Armando Alvares Penteado, a crise também aproxima os membros do Brics de parceiros comerciais emergentes, acelerando uma tendência de divisão do poder econômico global entre o Ocidente e um council multipolar.

Tarifas como ferramenta geopolítica e o efeito no Brasil

As tarifas impostas pelo governo dos EUA também têm um componente político, especialmente no caso do Brasil, que enfrenta uma tarifa de 50% sobre exportações. Trump justificou essa medida por críticas feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ao qualificá-lo como réu em processos no STF relacionados a tentativas de golpe de Estado.

Segundo o professor Lucas Leite, essa tarifação não foi motivada apenas por razões comerciais, mas também pela tentativa de influenciar a política interna brasileira. “As tarifas funcionam como uma forma de exercer pressão e controle, além de refletirem uma estratégia de desestabilização do alinhamento político do Brasil com aliados tradicionais.”

A ameaça à hegemonia do dólar

Um dos pontos centrais na disputa entre Trump e o Brics é o futuro do dólar. A iniciativa do bloco de discutir uma moeda própria ou usar de forma mais intensa as moedas nacionais visa justamente diminuir a dependência do dólar nas transações internacionais. “O presidente Lula já sinalizou a intenção de criar uma moeda alternativa para o comércio do grupo”, destaca Fernandez.

“Trump percebe essa movimentação como uma ameaça direta à sua hegemonia monetária. Por isso, sua reação é de tentar desestimular o avanço do Brics por meio de tarifas e ameaças diplomáticas”, completa a especialista.

Durante um evento sobre criptomoedas em julho, Trump afirmou que o bloco “acabaria muito rapidamente” se avançasse com suas propostas, reforçando seu esforço de manter o dólar como moeda de referência mundial. Nesse contexto, o conflito entre o governo americano e o Brics se intensifica, alimentando um cenário de crescente competição geopolítica e econômica.

Mais detalhes sobre esse tema podem ser conferidos no link na fonte.

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