Brasil, 14 de agosto de 2025
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Banco Central mantém juros em 15% diante de incertezas externas e internas

Decisão ocorre em meio a riscos de inflação e impacto do tarifão dos EUA na economia brasileira

O Banco Central decidiu nesta terça-feira (5) manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, refletindo incertezas provocadas pelo tarifão dos Estados Unidos e por expectativas de inflação que se manterem acima da meta.

Manutenção da taxa de juros e cenário inflacionário

A decisão foi comunicada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 30 de julho, que reafirmou o patamar elevado da Selic, o mais alto desde julho de 2006 (15,25%). A meta de inflação do Banco Central é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, entre 1,5% e 4,5%. Atualmente, a inflação oficial, medida pelo IPCA, está em 5,35% em 12 meses.

Ambiente externo e incertezas

De acordo com a ata, o cenário de inflação permanece desafiador, sobretudo devido ao ambiente externo mais adverso e incerto. A elevação das tarifas comerciais dos EUA para o Brasil afetou setores específicos e aumentou as incertezas quanto à negociação e ao risco inerente ao processo, o que reforça o clima de cautela do Copom.

“A elevação por parte dos Estados Unidos das tarifas comerciais para o Brasil tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo”, registra a ata. Clique aqui para saber mais sobre o tarifaço na Agência Brasil.

Expectativas de inflação e fatores internos

O documento destaca que as expectativas de inflação no Brasil estão desancoradas, ou seja, não caminham em direção à meta. Apesar de a alta nos preços dos alimentos perder ritmo, a projeção para o IPCA de 12 meses em 2027 ainda é de 3,4%, acima do centro da meta.

Além disso, os núcleos de inflação permanecem pressionados, indicando que a inflação é influenciada por demanda e necessita de política monetária contracionista por um período prolongado, reforça o colegiado.

Impacto da política monetária na economia interna

Os dirigentes do BC reconhecem que o aumento dos juros, iniciado em setembro de 2024, já apresenta efeitos de esfriamento na economia, embora o mercado de trabalho continue robusto. O crédito, especialmente o consignado privado — destinado a trabalhadores com carteira assinada e motoristas de aplicativos —, tem apresentado moderação, mas o mercado de trabalho mantém recordes de ocupação e rendimento.

“O mercado de trabalho segue dinâmico. Tanto do ponto de vista de renda, com ganhos reais consistentemente acima da produtividade, como do emprego, com redução expressiva da taxa de desemprego para níveis historicamente baixos, o mercado de trabalho tem dado bastante suporte ao consumo e à renda”, afirma o BC.

Desafios fiscais e política monetária

O documento reforça preocupação com a política fiscal do governo, apontando que o enfraquecimento das reformas, o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a dívida pública podem elevar a taxa de juros neutra, dificultando a desinflação e impactando o crescimento econômico.

Segundo o BC, o momento atual exige uma pausa na alta de juros para avaliar os efeitos do ciclo de aperto monetário já realizado e determinar se o nível atual da taxa é suficiente para convergir a inflação à meta.

Perspectivas e efeitos do juro elevado

Desde setembro de 2024, a Selic subiu de 10,5% para 15%, tentando conter a inflação que, atualmente, está acima do limite superior da meta. O aumento das taxas de juros tem efeito contracionista, encarecendo empréstimos e desestimulando investimentos produtivos, o que tende a desacelerar a atividade econômica e reduzir o crescimento de emprego e renda.

O BC estima que os efeitos da Selic na inflação levam de seis a nove meses para se manifestar de forma significativa, tornando o cenário de juros elevados uma estratégia de médio prazo para alcance da meta inflacionária.

Para saber mais, acesse a reportagem completa na Agência Brasil.

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