O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que irá “aumentar substancialmente” as tarifas sobre as exportações indianas ao país, devido às compras de petróleo russo por Nova Délhi. A ameaça ocorre em um momento de forte disputa política e comercial, com o governo americano criticando o apoio da Índia à Rússia na guerra na Ucrânia.
Contexto e justificativa de Trump para a possível elevação tarifária
Trump afirmou, por meio de sua plataforma Truth Social nesta segunda-feira (4), que a Índia não se importa com as consequências humanitárias da guerra na Ucrânia e, por isso, quer impor tarifas mais elevadas. Segundo ele, a Índia não apenas compra grandes quantidades de petróleo russo, mas também revende o combustível no mercado aberto com lucros elevados.
“Eles não se importam com as pessoas na Ucrânia sendo mortas pela máquina de guerra russa. Por isso, aumentarei substancialmente a tarifa paga pela Índia aos EUA”, declarou Trump, embora não tenha especificado o valor do aumento. Na semana passada, o ex-presidente anunciou uma tarifa de 25% sobre as exportações indianas, surpreendendo Nova Délhi após meses de negociações fracassadas.
Reações e negociações entre EUA e Índia
A resposta oficial do governo indiano tem sido de que continuará negociando com os EUA, buscando alternativas para acalmar Trump. O primeiro-ministro Narendra Modi incentivou os indianos a comprarem produtos locais e sinalizou que o país continuará adquirindo petróleo russo, mesmo diante das ameaças de tarifas americanas.
Fontes próximas ao governo de Nova Délhi disseram à Bloomberg que, até o momento, nenhuma instrução foi dada às refinarias indianas para interromper as compras de petróleo russo, e nenhuma decisão definitiva foi tomada. A Índia é um dos principais países a desafiar as sanções internacionais contra Moscou, mantendo uma relação delicada com os EUA.
Implicações políticas e econômicas
A nova ameaça de Trump acontece antes do prazo de 8 de agosto para a Rússia alcançar um acordo de cessar-fogo na guerra na Ucrânia, e no contexto de uma ofensiva americana contra países que apoiam a energia russa, com possíveis sanções secundárias.
Analistas avaliam que a medida de Trump reflete uma estratégia política de fortalecimento de posições internas e de pressão sobre a Índia, que atua de forma desafiadora às sanções contra Moscou. Apesar das críticas, Nova Délhi busca manter sua autonomia estratégica, com negociações em andamento para ampliar compras de gás natural, equipamentos de comunicação e ouro dos EUA.
Estilos de confronto e futuro das negociações
A relação entre Washington e Nova Délhi é marcada por tensões recentes, com Trump criticando tarifas indianas e a participação da Índia no Brics — grupo de países em desenvolvimento do qual o Brasil também faz parte. Apesar disso, o governo de Modi mantém sua postura de diálogo e busca diversificar suas fontes de energia para diminuir o impacto das tarifas americanas.
Segundo dados do Fundo Monetário Internacional, os EUA tiveram um déficit comercial de aproximadamente US$ 43 bilhões com a Índia no ano passado, número que reforça a complexidade das negociações comerciais entre as duas potências.
Enquanto o governo americano avisa sobre possíveis aumentos nas tarifas, o futuro da relação comercial entre EUA e Índia permanece incerto, com negociações ainda em andamento e uma tensão crescente na arena internacional.
Fonte: O Globo
