A Praia do Itararé, em São Vicente, SP, se tornou um espaço de superação e inclusão com o projeto Surf Inclusivo. A iniciativa, promovida pela Associação Socioeducativa de Esporte e Lazer (ASEL), em parceria com a prefeitura, disponibiliza aulas gratuitas de surf para pessoas com deficiência, de diferentes idades e limitações. Este projeto se destaca pelas suas abordagens inovadoras e sua preocupação em garantir acessibilidade e segurança para todos os participantes.
A inclusão no esporte: um objetivo transformador
O Surf Inclusivo atende pessoas com deficiências físicas, visuais, auditivas, intelectuais ou múltiplas, na faixa etária de 9 a 65 anos. Hélio Willian, conhecido como Mad, coordenador do projeto, ressalta a importância de proporcionar aos alunos uma experiência transformadora: “A ideia é oferecer essa oportunidade, respeitando o ritmo de cada um. Às vezes, só de encostar o pé na água, já muda tudo. O surf é o meio, mas o que a gente promove é um momento que transforma vidas”, afirmou em nota divulgada pela prefeitura.
O processo de aprendizado adaptado
Antes de iniciar as aulas, os alunos passam por uma avaliação no Clube Ilha Porchat, onde são atendidos por uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde. As aulas têm início na areia, onde os participantes recebem instruções básicas sobre segurança e técnicas de surf. Essa abordagem gradual assegura que cada aluno esteja confortável e preparado antes de ir para a água.
Equipamentos adaptados garantem segurança
Um dos pilares do sucesso do projeto é o uso de equipamentos adaptados. As pranchas utilizadas no Surf Inclusivo são maiores que as convencionais e possuem características que garantem estabilidade e segurança. Com uma estrutura semelhante a um cockpit — assento utilizado por pilotos de avião — essas pranchas são feitas com fibra de vidro e poliuretano, materiais que se assemelham aos utilizados em pranchas profissionais.
A origem desse equipamento adaptado remonta a um acidente sofrido por Taiu Bueno, um surfista renomado que, após um incidente no mar em 1991, ficou tetraplégico. Em uma brincadeira, Taiu foi colocado no mar com parte de uma prancha adaptada, o que inspirou o desenvolvimento desse equipamento inovador. O modelo atual, criado por Alexandre Passos, permite que o aluno entre no mar sem cinto de segurança e permaneça seguro, uma adaptação essencial para garantir a inclusão de todos.
Participação e inscrições
As inscrições para o Surf Inclusivo estão abertas continuamente e são gratuitas. Aqueles que desejam participar devem acessar o site do Sympla e preencher o formulário disponível. Após a inscrição, os alunos são agendados para uma avaliação e, conforme a disponibilidade, são inseridos nas aulas.
Além do Surf Inclusivo, a cidade conta também com a Escola Radical de Surfe, destinada a crianças e adolescentes de 7 a 17 anos. As inscrições para essa modalidade podem ser realizadas pelo Instagram oficial da escola ou presencialmente na tenda do projeto, localizada na Praia do Itararé.
O impacto do Surf Inclusivo na comunidade
A iniciativa vem gerando um alcance significativo e impactando não apenas os alunos, mas toda a comunidade de São Vicente. Ao promover a inclusão por meio do esporte, o Surf Inclusivo tem mudado a forma como as pessoas com deficiência se relacionam com o corpo e o mar, proporcionando momentos de diversão e superação que fortalecem a autoestima e a autoconfiança. O projeto representa um importante passo para a inclusão social e mostra que o esporte pode ser uma poderosa ferramenta de transformação.
Com o contínuo sucesso do projeto, a expectativa é que mais pessoas possam descobrir a alegria do surf e a liberdade que ele proporciona. O Surf Inclusivo não é apenas uma atividade esportiva, mas um verdadeiro agente de mudança, promovendo uma cultura de respeito e valorização da diversidade.