Brasil, 19 de setembro de 2025
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Roberto Gill Camargo e as cicatrizes da censura no teatro brasileiro

O dramaturgo Roberto Gill Camargo relembra os desafios da censura no teatro das décadas de 60 e 70 e a luta por liberdade de expressão.

O teatro brasileiro carrega uma história rica, mas também marcada por períodos sombrios de censura e repressão. Um dos nomes que mais se destacaram durante essas épocas difíceis foi o dramaturgo, produtor teatral, professor e pesquisador Roberto Gill Camargo, que, aos 74 anos, traz em sua memória as marcas da censura vivida nas décadas de 1960 e 1970. Em uma entrevista ao g1, Camargo compartilhou suas experiências e reflexões sobre a liberdade de expressão no palco, ressaltando como a censura impactou a produção artística e a sociedade da época.

O peso da censura no teatro

Durante as décadas de 60 e 70, no Brasil, o regime militar impôs uma série de restrições às expressões artísticas, que abrangiam desde censura severa a aspectos abordados nas peças teatrais até a proibição de determinadas palavras e conceitos. Camargo lembra que a palavra “liberdade” era considerada um tabu nos palcos. “Liberdade era uma palavra proibida no palco”, enfatiza ele, refletindo sobre a atmosfera opressiva que cercava os artistas naquela época. As peças muitas vezes eram escritas com uma sensação latente de medo, obrigando dramaturgos a encontrar formas sutis e indiretas de expressar suas críticas e descontentamentos.

A luta por liberdade de expressão

Apesar das adversidades, Roberto Gill Camargo foi um dos que se opuseram à censura e tentaram contornar as limitações impostas. Segundo ele, muitos grupos de teatro encontraram na resistência uma forma de luta, utilizando o seu ofício como um meio de protesto. “O teatro não é apenas entretenimento; é uma ferramenta poderosa para a mudança social”, afirma Camargo. Essa resistência artistas serviu para levantar questões cruciais sobre religião, política e direitos humanos, mesmo sob a sombra da repressão.

O legado da censura no teatro contemporâneo

Embora o Brasil tenha avançado em termos de liberdade de expressão desde o fim da ditadura militar, a reflexão sobre a censura e suas consequências ainda ressoam na atualidade. Camargo enfatiza que as lições do passado devem ser sempre lembradas, pois a luta por liberdade e justiça continua. “A censura pode ter mudado de forma, mas sua essência muitas vezes persiste”, alerta. O dramaturgo sugere que as novas gerações de artistas precisam estar vigilantes e conscientes para não permitir que os mesmos erros do passado se repitam.

O papel da educação na formação artística

Além de sua carreira como dramaturgo, Roberto Gill Camargo também se dedica à educação, lecionando e formando novos talentos do teatro brasileiro. Ele acredita fortemente que a formação artística é fundamental para manter viva a chama da criatividade e da expressão. “Os jovens artistas devem conhecer sua história e entender o poder que têm em mãos”, afirma. Para Camargo, a educação é o primeiro passo para criar uma geração capaz de contestar e superar desafios sociais, mantendo o teatro como uma voz ativa e relevante na sociedade.

A importância da memória e do testemunho

Neste ano, como parte das comemorações de sua carreira, Roberto Gill Camargo prepara um projeto que visa resgatar memórias da época da censura no teatro. “É vital que esses testemunhos não sejam esquecidos”, diz. O projeto conta com a colaboração de outros artistas e pesquisadores que também viveram ou estudaram sobre o contexto da censura. Essa iniciativa busca não apenas preservar a memória histórica, mas também inspirar novos artistas a enfrentar os desafios contemporâneos com coragem e criatividade.

Em um momento em que o debate sobre liberdade de expressão se torna cada vez mais relevante, as reflexões de Roberto Gill Camargo servem como um lembrete poderoso da importância de continuar lutando pela liberdade no campo artístico. A censura pode ter tentado silenciar vozes no passado, mas a luta pela liberdade e pela expressão continua viva nos palcos do Brasil e em cada novo ato criativo.

A história do teatro é também a história de sua resistência. O testemunho de Roberto Gill Camargo nos ajuda a entender que, enquanto houver quem ouse levantar a voz, a liberdade e a criatividade encontrarão sempre um caminho.

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