Brasil, 13 de novembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Brasil e Estados Unidos enfrentam pior crise diplomática em 200 anos

Com ingerência explícita da administração Trump, a relação entre Brasil e EUA atinge um nível crítico, afetando a política externa brasileira.

O atual cenário da política externa brasileira, especialmente no que diz respeito à relação com os Estados Unidos, é considerado por especialistas como o mais crítico em mais de 200 anos. A ingerência dos EUA na política interna do Brasil, sob a administração de Donald Trump, expõe uma fragilidade histórica nas relações bilaterais, que enfrenta um acúmulo de crises. O presidente Lula, em meio a essa tempestade, busca reafirmar a soberania nacional, em um momento onde as comunicações entre Brasília e Washington estão praticamente ausentes.

A ingerência americana na política brasileira

Recentemente, Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, uma medida vista como uma forte intervenção, especialmente ao ser associada ao processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar um golpe de Estado para impedir a posse de Lula. Além disso, a provocação de Trump contra o ministro Alexandre de Moraes do STF, acionando a Lei Magnitsky, reflete uma interferência sem precedentes nos assuntos internos do Brasil.

O embaixador Rubens Ricupero, uma das vozes mais respeitadas em diplomacia, definiu o momento atual como “o ponto mais baixo” nas relações entre os dois países. “Há uma interferência aberta nos assuntos de soberania de maneira pública e reiterada”, afirmou. Ele observa que, embora os EUA tenham intervindo em momentos decisivos da história brasileira, como o golpe militar de 1964, nada foi tão escancarado quanto a atual situação.

Crises passadas e suas lições

Para entender a especificidade da crise atual, é importante revisitar episódios anteriores na história da relação Brasil-EUA. Nas décadas de 1970 e 80, crises surgiram principalmente em razão das violações de direitos humanos e embates políticos. O governo do general Ernesto Geisel, por exemplo, viu-se em conflito com a administração do presidente americano Jimmy Carter, que fez críticas contundentes à ditadura militar no Brasil. Isso gerou uma percepção de defesa da soberania brasileira, fortalecendo a imagem do governo Geisel diante de seus pares militares.

A narrativa histórica revela que ataques externos frequentemente fortaleceram a unidade interna. Altares de resistência foram erguidos por líderes civis e militares que, ao apelar para a soberania, conseguiram mobilizar o apoio popular e legitimar suas ações. Este contexto, aliás, pode ser visto como uma tônica do passado que influencia as reações brasileiras frente à atual crise.

Desafios contemporâneos na diplomacia

Atualmente, a falta de diálogo entre Brasil e Estados Unidos é vista como uma das características mais inéditas e problemáticas da relação. Para Hussein Kalout, científico político e ex-assessor do governo Michel Temer, “a relação com os EUA requer muita habilidade e pragmatismo”. Ele defende que o Brasil deve manter uma postura de equilíbrio, sem alinhamento automático com os interesses dos EUA, que não devem ver o Brasil como um adversário em seu bloco de influência.

Outro importante cientista político, Guilherme Casarões, observa que as crises históricas mostram que toda vez que o Brasil busca autonomia ao sair da esfera de influência dos EUA, há uma imediata reação americana. Ele ressalta que a luta do Brasil contra subsídios injustos de algodão nos anos 2000, ou a revelação de espionagem durante o governo Dilma, desembocaram em momentos de tensão, mas que também serviram para moldar a identidade do país na arena internacional.

Um futuro incerto, mas a necessidade de diálogo

A relação entre Brasil e Estados Unidos parece, por ora, marcada por tensões e desconfianças. No entanto, há um consenso entre os especialistas que a construção de um diálogo franco é fundamental para o futuro. Um novo capítulo na política externa brasileira poderá ser escrito, mas isso exigirá uma habilidade diplomática que, até o momento, parece estar em falta. A soberania nacional, enquanto princípio fundamental, pode ser o pilar para renovar e reconstruir essa crucial relação bilateral que permeia a história dos dois países.

Em suma, a atual crise na relação Brasil-EUA não é apenas sobre políticas comerciais ou declarações de políticos, mas sim, sobre como cada nação escolhe lidar com sua própria história e seu lugar no mundo, em um cenário de constantes mudanças e desafios globais.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes