Teresina, 4 de dezembro de 2024
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Cão ‘Titio’ viveu o amor da proteção e testemunhou a crueldade humana

caso do cachorro titio atropleado por um caminhão de lixo em Teresina
Atropelado por um caminhão de lixo no bairro Dirceu, na frente de crianças, "Titio" testemunhou a crueldade humana. O crime revoltou a cidade de Teresina.

“Titio”, como era carinhosamente chamado pelos moradores da rua Ferdinand Freitas, no bairro Dirceu, vestia o manto de uma longa vida, uma soma que em humanos, seria de 82 anos. Era o cão idoso do Conjunto Novo Horizonte, um cão comunitário que era cuidado por todos e não pertencia a ninguém.

Na manhã em que a sua vida seria tirada, o sol ardia como em todos os dias de Teresina. “Titio” se protegia na sombra. O barulho do motor do caminhão de lixo ressoou pela rua do Novo Horizonte, um som tão familiar e previsível, quase um acompanhamento da rotina local, não assustou o cachorro. Para Titio, no entanto, esse som seria o último coro do seu amanhecer. Ele conhecia o barulho do motor, mas não sabia que a maldade no coração do homem é sempre silenciosa.

Sem a agilidade da juventude para salvá-lo, o caminhão de quase 12 toneladas avançou sobre o frágil corpo do cão idoso. O momento, capturado por câmeras de segurança e testemunhado por olhos inocentes de crianças, trouxe consigo uma ensurdecedora suspeita –  foi intencional?

A crueldade continuou quando o funcionário da empresa, sem nenhuma piedade, pegou Titio pelas pernas enquanto o velho cão ainda agonizava. Em vez de socorrer, como exigia a lei e a própria humanidade, ele o jogou no compactador de lixo. Um último suspiro de uma vida que se extingue.

Titio, em seus momentos finais, pode ter conhecido a crueldade de alguns humanos, mas em seus longos 12 anos de vida, ele também conheceu o amor. Era cuidado e amado por muitos tutores, não tinha um dono, como nenhum animal deveria ter. Em seus anos, teve muitos amigos humanos , todos eles tocados por sua doçura relatada por uma das tutoras.

“Não fazia mal a ninguém. O ‘Titio’ não merecia morrer da forma que morreu. Eu esperava que ele morresse idoso, assim, como uma estrela se apagando”, disse dona Maria, moradora de uma das casas em cujo portão o cão arranhava para procurar abrigo em dias de chuva e muito calor. E encontrava sempre.

Tutora de Titio, o cachorro atropleado pelo caminhão do lixo em Teresina
Dona Maria, uma das tutoras de “Titio”. O cachorro era comunitário e vivia na rua Ferndinand Freitas

A morte de Titio não passou em vão. Nas redes sociais, Raíssa Protetora, voz daqueles que não podem falar, denunciou o crime. A notícia correu como fogo pela cidade. Uma chama de indignação que inflamou corações e mentes que agora busca justiça.

O eco dos últimos momentos de ‘Titio’ ressoará na mente das crianças que testemunharam o fato ao vivo e naqueles que viram o vídeo compartilhado nas rede sociais. Sua memória será um lembrete constante do amor que temos a dar, do respeito que devemos ter pelos seres vivos e da importância de proteger aqueles que não podem se proteger.

‘Titio’ não deixou a vida como queria dona Maria, como uma estrela que se apaga lentamente no céu. Mas a indignação do crime pode conseguir mudar a realidade de crueldade vivida pelos animais nas ruas de Teresina.

O esforço de protetores como Raíssa Firmeza é descomunal na tentativa de amenizar tantos sofrimentos. A maioria da população nunca viu um animal passar fome ou sede, nem tratou as feridas ou pegou nos braços e compartilhou a dor do abandono vivido por eles diariamente. Raíssa e tantos outros, sim. 

Pela manhã, a Raíssa foi à delegacia de proteção aos crimes contra o meio ambiente, responsável por apurar maus tratos contra os animais. “Que a justiça seja feita e os malfeitores presos!”, afirmou.

Raíssa Protetora registrou uma denúncia na delegacia de proteção ao meio ambiente responsável por crimes de maus tratos contra animais.
Raíssa Protetora busca justiça no caso do atropelamento de “Titio” em Teresina

A morte dolorosa do velho cão tem o agravante de ter sido perpetrada pelo motorista de uma empresa concessionária de um serviço público da prefeitura de Teresina. Uma nota foi emitida pela administração municipal que recentemente aprovou uma lei que proíbe condenados por maus tratos aos animais a assumirem cargos na gestão municipal.

Por dolo ou culpa, o atropelamento de ‘Titio’ é um crime pela falta de assistência ao animal.

Desde o ano passado, uma lei de autoria da ex-deputada Teresa Britto (PV) obriga motoristas de veículos que causarem acidente em vias públicas a prestar socorro a animais atropelados. A lei federal, de 1998, é mais dura ainda. Estipula pena de detenção de dois a cinco anos para maus tratos de cães.

“Como os seres humanos são tão cruéis a esse ponto?” foi a pergunta feita pela Raíssa Protetora e que ecoa na mente de quem viu a imagem do atropelamento. Como?

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