Com as possíveis mudanças na Esplanada dos Ministérios, uma das principais metas das bancadas contempladas é obter autonomia plena sobre as pastas que comandam. A substituição de Daniela Carneiro (sem partido-RJ) por Celso Sabino (União Brasil-PA) no Ministério do Turismo, por exemplo, representa uma ameaça para o cargo de Marcelo Freixo (PT-RJ), presidente da Embratur.
O partido União Brasil busca indicar um aliado para ocupar o posto. A saída de Freixo abriria espaço para que o Centrão pressionasse o PT a abrir mão de outros cargos em situação semelhante. Um exemplo é a presidência dos Correios: embora esteja ligada ao Ministério das Comunicações, de Juscelino Filho (União Brasil-MA), a cúpula da estatal é composta por membros do PT. O advogado Fabiano Silva, próximo ao grupo Prerrogativas, ligado ao PT, ocupa a presidência.
A atuação do governo nas negociações envolve o compromisso dos partidos aliados em manter quadros petistas em cargos estratégicos com grandes orçamentos, como a presidência da Itaipu Binacional, Petrobras e diretorias da Codevasf.
Parte da bancada do PT no Congresso e alguns ministros, como Rui Costa, da Casa Civil, acreditam que atender às demandas do Centrão – como liberação de emendas, indicação de cargos e mudanças nos ministérios – pode resolver problemas atuais, mas não evitará dificuldades futuras para o governo.
A possível reestruturação ministerial gera expectativas e tensões entre as bancadas, que buscam garantir sua influência e autonomia dentro do governo. A disputa por cargos estratégicos reflete as negociações políticas em curso e o equilíbrio delicado entre as diferentes forças dentro da base aliada. O desenrolar dessas discussões vai determinar o futuro da composição ministerial e as perspectivas de governabilidade do atual governo.