Documentos classificados e vazados na plataforma de mensagens “Discord” e analisados pelo Washington Post sugerem que o Irã estaria fornecendo armamentos avançados a militantes sírios, visando uma nova fase de ataques contra as tropas americanas estacionadas na Síria.
Segundo as informações reveladas, Teerã estaria equipando aliados em Damasco com bombas de nova tecnologia especificamente projetadas para desativar veículos militares blindados e atingir diretamente o pessoal militar dos EUA. Essas bombas, colocadas à beira da estrada, representariam uma nova ameaça no conflito em curso na Síria e poderiam abrir caminho para um confronto mais amplo com as milícias pró-iranianas. Ataques anteriores com foguetes e drones já resultaram em feridos e na morte de um empreiteiro do Departamento de Defesa dos EUA, de acordo com o diário “Inside Over”.
Conhecidas como “penetradores formados explosivamente” (EFPs), essas armas já foram utilizadas por insurgentes pró-iranianos em ataques mortais a comboios militares americanos durante a ocupação do Iraque. O vazamento revelou tentativas de ataques a bomba utilizando um novo modelo chamado VET, realizadas por um miliciano libanês do Hezbollah na Síria em janeiro. O dispositivo, com menos de uma dúzia de centímetros, foi descrito como “muito poderoso e ocultável”, devido ao seu pequeno tamanho e à carga explosiva de aproximadamente 1,5 kg de material explosivo (C-4). Em testes, a bomba conseguiu penetrar a blindagem de um veículo com mais de 7 centímetros de espessura a uma distância de 23 metros, embora uma terceira tentativa tenha falhado.
As EFPs são uma variante sofisticada das bombas de beira de estrada, também conhecidas como dispositivos explosivos improvisados (IEDs), que se tornaram uma ameaça significativa para as forças militares dos EUA durante a campanha de insurgência no Iraque após a invasão de 2003. Esses dispositivos, geralmente acionados remotamente, utilizam uma carga explosiva “formada” para lançar um projétil de metal fundido em alta velocidade em direção ao alvo.
Os documentos também mencionam um plano mais amplo do eixo Moscou-Teerã-Damasco para expulsar os EUA da Síria, permitindo que o presidente sírio recupere o controle das províncias do norte, atualmente sob o controle de grupos curdos pró-americanos. Esse plano inclui alimentar a resistência popular à presença americana e apoiar movimentos de ataque às tropas estacionadas na região. Em novembro de 2022, altos funcionários russos, iranianos e sírios assinaram um acordo para a criação de um “centro de coordenação” com o objetivo de liderar essa campanha conjunta.
No entanto, é importante considerar que a atual situação geopolítica, marcada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e pelo colapso do acordo nuclear com o Irã, torna o cenário ainda mais volátil e imprevisível. As políticas dos EUA são influenciadas pela necessidade de não dar a impressão de recuar em relação a Moscou, o que pode gerar incertezas sobre a resposta a ser adotada diante desses novos desenvolvimentos na Síria.
É fundamental ressaltar que as informações apresentadas são baseadas em documentos vazados e ainda precisam ser verificadas e confirmadas por fontes independentes. A situação na Síria permanece tensa, e a comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos dessa escalada de ameaças contra as tropas americanas e seus aliados.