O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (30) a suspensão de diversas mercadorias brasileiras da tarifa de 50% imposta recentemente sobre produtos importados do Brasil. Apesar do decreto oficializar a cobrança, a lista de exceções revela um cenário contraditório na política comercial americana.
Contradições nas exceções às tarifas de Trump
O analista Thomas Traumann observou que, embora o governo americano tenha anunciado uma tarifa de 50%, a extensa lista de itens isentos mostra que as medidas não serão tão rigorosas assim. Segundo ele, “os nossos 50% já não são tão 50% assim. A lista de exceções é gigante”.
Traumann destacou ainda a natureza ambígua dessa decisão, que mistura uma postura agressiva na política com um recuo na esfera econômica. “É o Trump sendo Trump”, comentou, referindo-se ao histórico do ex-presidente dos EUA de tomar decisões contraditórias e recuar sem assumir a responsabilidade.
Itens que permanecem livres da tarifa adicional
Dentre os itens que não serão afetados pela medida estão os artigos de aeronaves civis, veículos de passageiros, produtos de ferro, aço, alumínio e cobre, além de fertilizantes utilizados na agricultura brasileira.
Setores específicos e produtos agrícolas
Produtos agrícolas como suco e polpa de laranja, castanha-do-brasil, madeira tropical e fios de fibras como sisal também permanecem isentos. Além disso, categorias de energia, incluindo petróleo, gás natural, carvão e energia elétrica, continuam fora da tarifa de 50%.
Outros itens que escaparão da tarifa incluem bens retornados aos EUA após reparo ou processamento, produtos em trânsito até 5 de outubro, materiais de uso pessoal e doações humanitárias, como roupas e medicamentos, que não representam risco de segurança nacional.
Implicações para as relações comerciais e políticas
O anúncio de exceções revela um cenário de tensões crescentes entre Brasil e EUA, onde a postura agressiva na política contrasta com a concessão de facilidades nas relações econômicas. “Estamos vendo, ao mesmo tempo, uma piora nas relações políticas e um recuo na questão comercial”, afirmou Traumann.
Especialistas avaliam que essa estratégia deve impactar as negociações futuras, uma vez que o governo americano tenta equilibrar sua narrativa de ameaça com interesses econômicos que favorecem o comércio bilateral.
Repercussões e próximos passos
O governo brasileiro manifestou preocupação com o impacto das tarifas e exige uma revisão do decreto. A expectativa é que as isenções e possíveis ajustes na lista de itens continue em debate, até uma definição mais clara sobre o tema.
Para leitura completa do decreto e da lista de exceções, acesse a fonte oficial do G1.