A deputada republicana Marjorie Taylor Greene, aliada de Donald Trump, chamou a situação em Gaza de “genocídio”, sinalizando uma crescente divisão no Partido Republicano em relação ao conflito entre Israel e Hamas. A declaração ocorre em meio a uma semana de tensões internas e divergências sobre o apoio à ofensiva israelense.
Greene rompe com a linha tradicional do partido em Gaza
Greene, representante da Geórgia, afirmou nesta segunda-feira (28) que “o que aconteceu em 7 de outubro em Israel foi horrível, mas também há genocídio, crise humanitária e fome acontecendo em Gaza”, numa postagem nas redes sociais. A sua posição contrasta com a maioria dos republicanos, que apoiam veementemente a atuação militar de Israel após o ataque do Hamas, no dia 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas e na captura de cerca de 250 reféns.
Antes, Greene havia apoiado duramente Israel, incluindo uma tentativa de censurar a deputada democrata Rashida Tlaib por críticas ao governo israelense. Sua declaração reflete uma mudança na postura de alguns membros do partido em relação ao conflito — uma questão sensível que vem causando debates internos acalorados.
Trump e Netanyahu divergem sobre a crise humanitária em Gaza
Na mesma semana, o ex-presidente Donald Trump pareceu discordar do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ao reconhecer que há fome e desnutrição em Gaza. Em um evento em Escócia, Trump afirmou que “a fome lá é real” e que pretende criar centros de distribuição de alimentos em parceria com outros países. Ele declarou ainda que “vamos fornecer fundos” e trabalhar com boas pessoas para ajudar a população.
Embora não condenasse diretamente Netanyahu, Trump sinalizou que questões estratégicas poderiam ser revistas, ao afirmar a repórteres que “talvez seja preciso fazer diferente”.
Reações internacionais e divisão interna no Partido Republicano
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que o Reino Unido poderá reconhecer Palestina como Estado, caso Israel não tome “medidas substanciais” para acabar com a crise humanitária em Gaza e avançar em “uma paz sustentável”.
Dentro do Partido Republicano, o debate sobre a questão de Gaza se acirrou, refletindo uma divisão que não se via desde o início do conflito. Enquanto alguns apoiam totalmente a linha de apoio a Israel, outros, como Greene, começam a questionar a narrativa oficial e a reconhecer os aspectos humanitários do problema.
Perspectivas futuras e implicações políticas
A divisão apresentada por Greene e as declarações de Trump indicam que o apoio à posição oficial do Partido Republicano sobre Gaza está sob pressão. Analistas avaliam que essa fragilidade pode influenciar o alinhamento político na corrida eleitoral, refletindo uma cada vez maior complexidade na abordagem do conflito por parte dos republicanos.
Especialistas alertam para o impacto dessas divergências na unidade do partido, que pode afetar a estratégia eleitoral e a postura dos Estados Unidos frente ao conflito no Oriente Médio.