Com 22% de suas exportações destinadas aos Estados Unidos e sem mercado alternativo viável, a indústria brasileira de calçados enfrenta férias coletivas e paralisações na cadeia de insumos. A tarifa de 50%, prevista para entrar em vigor na semana que vem, preocupa o setor, que tenta convencer o governo brasileiro a pedir uma prorrogação do prazo, que termina na próxima sexta-feira.
Negociações tensas e perspectivas preocupantes para o setor de calçados
— Trabalhamos com a expectativa de uma prorrogação, a julgar pelas negociações entre os EUA e outros países. Mas o grau de otimismo diminui a cada dia. O problema é que não estamos conseguindo evoluir. Se até sexta-feira nada for obtido, os navios com sapatos brasileiros que já estão a caminho dos EUA vão chegar aos portos, e nossos clientes terão que decidir o que farão com eles », explicou Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, associação do setor.
Esforços do setor junto ao governo brasileiro
Ferreira revelou que já se reuniu com o vice-presidente Geraldo Alckmin em três ocasiões para tratar do tema. “Nosso trabalho é junto ao governo brasileiro porque, diferentemente de outros setores, não temos empresas coirmãs com produção no país. Exportamos produtos já acabados. Se a tarifa de 50% entrar em vigor, nossos clientes americanos irão buscar outros mercados, como Portugal, que possui tarifas mais baixas na União Europeia», comentou.
Impacto das tarifas na competitividade do calçado brasileiro na exportação para os EUA
O Brasil atualmente responde por 13% das exportações mundiais de calçados, sendo os EUA seu maior mercado externo desde 1997, à frente de Argentina e França. No primeiro semestre de 2025, as exportações para o país norte-americano aumentaram 13,5% na comparação com o mesmo período de 2024.
Enquanto a China e outros países asiáticos dominam a produção de tênis para o mercado americano, o Brasil se concentra na fabricação de sapatos de couro, produtos private label que saem das fábricas brasileiras — concentradas no Rio Grande do Sul e interior de São Paulo — com marcas estrangeiras.
— Isso inviabiliza o direcionamento dessa produção para o mercado interno ou para outros países. São sapatos feitos sob encomenda com características específicas para o cliente americano — destacou Ferreira. — Há cerca de 7,7 mil empregos em risco. Pode parecer pouco para uma indústria que emprega quase 300 mil pessoas, mas alguns fabricantes produzem quase exclusivamente para o mercado americano.
Perdas e dificuldades futuras diante da ameaça tarifária
De acordo com Ferreira, qualquer plano de contingência seria insuficiente diante da perda de demanda iminente.
— O que a indústria e os trabalhadores querem é vender, esse é o objetivo maior. Se a tarifa for aplicada sem prorrogação, o impacto será devastador para o setor.
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