Em um gesto de solidariedade e compaixão, o Cardeal Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano de Brasília, seguiu um chamado especial da Conferência Episcopal Ucraniana para presidir a Santa Missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora do Carmo, em Berdychiv. Entre os dias 14 e 24 de julho de 2025, ele percorreu as estradas ucranianas, enfrentando desafios tanto logísticos quanto emocionais em um país dilacerado por conflitos.
Uma jornada de fé e esperança
A viagem do Cardeal Paulo Cezar começou pela Polônia, devido ao fechamento do espaço aéreo ucraniano, e se desenrolou por quase 600 quilômetros, passando por cidades como Lviv, Kiev e Lutsk. Sua chegada à Ucrânia não foi apenas uma missão protocolar, mas uma verdadeira manifestação de solidariedade. “Quis estar com o povo ucraniano para que sentissem a presença de irmãos de outra parte do mundo e que estão orando por eles”, explicou Dom Paulo.
Pés em solo ferido
Ao chegar em Lviv, o Cardeal celebrou sua primeira Missa em solo de guerra, oferecendo orações tanto pela sua arquidiocese quanto pelos ucranianos que o recebiam. Durante sua peregrinação, ele caminhou entre diversas comunidades religiosas, refletindo sobre a resiliência do povo ucraniano diante de um cenário de destruição. “A vida pulsa ao redor de cemitérios, sinos e sirenes, e a Igreja continua a ser um farol de esperança”, afirmou.
A importância do diálogo ecumênico
Em Kiev, Dom Paulo encontrou-se com o Conselho Ucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas, discutindo a importância do respeito às diferenças religiosas e a necessidade de união em tempos de crise. Durante sua visita ao hospital militar, onde abençoou soldados feridos, ele expressou: “É um gesto pequeno na geopolítica, mas reconfortante para aqueles que o recebem”.
Maria, esperança da Ucrânia
No dia do seu aniversário, 20 de julho, o Cardeal presidiu a Missa da Peregrinação Nacional no Santuário de Nossa Senhora do Carmo. Este momento se tornou um símbolo de esperança para milhares de fiéis, que se uniram em oração por paz em um tempo de guerra. “Ali se vê o sentimento de filiação que os cristãos sentem com a Mãe de Deus”, relembrou Dom Paulo sobre a conexão profunda do povo ucraniano com sua fé.
Memórias de sofrimento e resiliência
A jornada culminou em Cracóvia, onde o Cardeal visitou os campos de Auschwitz-Birkenau, refletindo sobre a capacidade humana de sofrimento e a necessidade de reconciliação. “Testemunhei o horror que o ser humano pode produzir”, comentou sobre as experiências marcantes que o acompanharão por muito tempo.
Fé e solidariedade em tempos difíceis
Durante a entrevista, Dom Paulo compartilhou sua perspectiva sobre a guerra e o papel da Igreja Católica. “A Igreja sofre junto com a sociedade ucraniana, solidária e próxima do povo”, afirmou, destacando a importância da esperança e da fé na superação das adversidades. Ele pediu que os fiéis da Arquidiocese de Brasília não esquecessem do sofrimento do povo ucraniano e permanecessem solidários, orando por eles.
Impacto e união entre os cristãos
O Cardeal ressaltou a necessidade de diálogos inter-religiosos na Ucrânia como um modelo para outras nações. Ele observou que, apesar das diferenças, os cristãos se unem em torno de questões comuns como paz e justiça. O exemplo de unidade entre as diversas tradições cristãs na Ucrânia pode servir de inspiração para outros contextos eclesiais.
Dom Paulo também notou que a devoção à Virgem Maria é uma característica marcante da espiritualidade ucraniana, assim como uma prática universal entre os católicos. Ele enfatizou que o amor pela Mãe de Deus é uma forma poderosa de sustentação e esperança, oferecendo uma mensagem forte para os brasileiros em relação à vivência da fé em tempos difíceis.
Chamado à ação
Finalizando, Dom Paulo deixou um apelo a todos os fiéis: “Que rezem pelo povo ucraniano, nunca esquecendo seu sofrimento e lutando pela paz.” Seu desejo é que a experiência vivida na Ucrânia inspire ações de solidariedade e esperança, ampliando o diálogo inter-religioso e a fraternidade em um mundo muitas vezes dividido.
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