O deputado federal Helio Lopes (PL-RJ) decidiu manter o que ele chama de “jejum de palavras”, iniciado na última sexta-feira, após a remoção de seu acampamento em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que justificou a ação como uma forma de garantir a segurança pública e prevenir a ocorrência de novos eventos criminosos, especialmente em referência aos atos golpistas que marcaram o 8 de janeiro de 2023.
A decisão do STF e os impactos na manifestação
A decisão de Moraes foi clara: a remoção do acampamento e a proibição de qualquer instalação semelhante em um raio de 1 km da Praça dos Três Poderes. Em seu despacho, o ministro afirmou que a liberdade de expressão deve ser exercida sem comprometer a ordem e a segurança públicas. O desembargador atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República, que expressou preocupação com a segurança e a possibilidade de tumultos na capital federal.
Em um desabafo nas redes sociais, Lopes, conhecido por seu engajamento político e por seus posicionamentos polêmicos, afirmou: “Sigo em jejum de palavras, em oração e vigilância, porque não é só uma luta política, é uma guerra espiritual”. A postagem foi acompanhada de uma foto onde o deputado aparece com uma fita adesiva cobrindo a boca, simbolizando seu protesto e a sua resistência ao que considera um cerceamento de suas liberdades.
O relato de Helio Lopes
Helio Lopes, que tem se posicionado fortemente contra as medidas tomadas pelo STF, não apenas criticou as ações de Moraes, mas também anunciou que havia assinado um requerimento pedindo a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o ministro. Ele sustentou que “quem se curva aos homens nunca será firme diante de Deus” e que “a liberdade vale mais do que o conforto da omissão”. Suas palavras ecoam um apelo por uma mobilização maior entre seus seguidores e aliados.
A remoção do acampamento se deu sob forte esquema de segurança, com a determinação de que Lopes e outros deputados presentes no local — como Sóstenes Cavalcante, Cabo Gilberto Silva, Coronel Chrisóstomo e Rodrigo da Zaeli — não poderiam retornar à área. A não-obediência à ordem poderia resultar em prisão, medida que gerou frenesi nas redes sociais. O deputado Coronel Chrisóstomo protestou publicamente, compartilhando o despacho e afirmando que estavam tentando silenciar a manifestação.
Saiba como foi o acampamento
O acampamento começou na última sexta-feira, quando Lopes registrou sua chegada nas redes sociais, mostrando o processo de montagem de sua barraca. O clima era de protesto, mas também de convicção pessoal, com Lopes segurando a Constituição e a Bíblia, símbolos de suas crenças e luta. Ele descreveu a manifestação como “pacífica e solidária”, um “sinal de luto democrático” e resistência ao que ele vê como silenciamento de lideranças políticas no Brasil.
Em suas publicações, ele relatou ainda que, antes da ação do STF, a polícia local tentou removê-lo do local em quatro ocasiões, o que ele considerou uma tentativa de limitar seu direito ao protesto. “Não represento risco e desordem, estou apenas exercendo meu direito legítimo de expressão e resistência”, defendeu.
O acampamento, embora tenha sido rapidamente removido, revela a polarização política que se alastra no Brasil e levanta questionamentos sobre os limites da liberdade de expressão e de ação do governo em relação à manifestação popular. O cenário atual impõe desafios tanto aos que buscam o diálogo quanto aos que optam pela resistência, como o caso de Helio Lopes, que insiste na continuidade de sua luta política mesmo sob pressão legal.
A turbulenta situação política brasileira continua a gerar debates intensos acerca da liberdade de expressão e da atuação da Justiça, refletindo preocupações mais amplas sobre a democracia e a participação popular.