Brasil, 29 de julho de 2025
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Coronel do Exército admite erro em postura sobre acampamentos após eleições

Coronel Márcio Nunes de Resende critica silêncio do Exército sobre acampamentos em frente aos quartéis após a derrota de Bolsonaro em 2022.

O coronel do Exército, Márcio Nunes de Resende, trouxe à tona um assunto delicado em seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última segunda-feira (28/7). Ele afirmou que a instituição militar “errou” ao não se manifestar contra a permanência de manifestantes acampados em frente aos quartéis-generais, após as eleições de 2022. O militar, que se apresenta como réu no julgamento de um suposto núcleo golpista, fez críticas contundentes ao silêncio da corporação durante aquele período turbulento.

A falta de posicionamento do Exército

Em seu depoimento, o coronel destacou que o silêncio do Exército frente aos acampados era um “silêncio ensurdecedor”. Ele expressou sua preocupação a respeito das possíveis consequências desse impasse. Segundo Resende, se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tivesse feito uma convocação em cadeia nacional, invocando o artigo 142 da Constituição Federal, a situação poderia ter fugido do controle.

“Houve um erro grande. Houve um silêncio ensurdecedor por parte do Exército. Não gostaria de estar aqui criticando a instituição que servi por 33 anos, sem nenhuma mágoa”, disse.

O artigo 142 da Constituição, mencionado pelo coronel, define a estrutura e as responsabilidades das Forças Armadas, enfatizando seu papel de assegurar a defesa da Pátria e a manutenção da ordem constitucional. Para Resende, era fundamental que o Exército tivesse deixado claro que não apoiaria os acampados, evitando assim uma escalada de tensões. “Vocês estão aqui, mas não apoiaremos nada”, sugeriu.

Consequências de uma possível convocação de Bolsonaro

O coronel Márcio Nunes de Resende avaliou que, diante de uma convocação formal de Bolsonaro, o Exército teria dificuldade em manter a segurança e a ordem. Ele enfatizou que a falta de um pronunciamento claro poderia levar a uma situação caótica, semelhante a “um barata voa”, onde o controle da situação poderia se perder rapidamente.

“Poderia perder o controle da situação por não ter… por não se precaver nesse sentido. Um informativo do Exército ali seria importante”, afirmou o coronel, deixando claro que um direcionamento da liderança militar naquele momento era crucial para evitar uma crise maior.

Reunião e acusações de conspiração

Além de suas declarações sobre a postura do Exército, Resende Júnior também apresentou informações sobre uma reunião que ocorreu em 28 de novembro de 2022, onde ele e outros membros das forças armadas — conhecidos como “kids pretos” — discutiram detalhes da suposta trama golpista. A reunião, realizada no salão de festas do pai de Resende Júnior na Asa Norte, em Brasília, foi considerada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um encontro significativo para as investigações do caso.

Essas declarações do coronel não só enfatizam um sentimento de desconforto dentro das Fileiras do Exército, mas também iluminam os tensões existentes entre os militares e a situação política do país, especialmente em um período em que os golpes de Estado e manifestações populares estão em evidência no Brasil e no mundo.

Reflexões sobre a atuação militar no Brasil

As palavras do coronel Márcio Nunes de Resende levantam questões sérias sobre a separação entre os poderes e o papel das Forças Armadas em um regime democrático. Ao criticar a inação do Exército, Resende não apenas faz um apelo à responsabilidade institucional, mas também destaca a importância de um diálogo aberto e transparente entre as instituições do Estado.

À medida que o país avança em suas discussões democráticas, o depoimento do coronel serve como um lembrete de que o fortalecimento das instituições se dá pela clareza de ações e ao comprometimento com os princípios constitucionais. O futuro da política brasileira dependerá, em grande parte, de como essas questões serão enfrentadas tanto pelos civis quanto pelos militares.

A reflexão sobre o comportamento do Exército nesta fase crítica da história brasileira é essencial para evitar que erros do passado se repitam. As próximas ações e decisões da instituição militar podem ter um impacto duradouro na democracia do país, e cabe a todos os cidadãos e líderes garantir que os acordos e princípios constitucionais sejam sempre respeitados.

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