A Dívida Pública Federal (DPF) atingiu pela primeira vez em junho o patamar de R$ 7,883 trilhões, representando uma alta de 2,77% em relação a maio, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (28) pelo Tesouro Nacional. O crescimento foi motivado principalmente pelos juros acumulados e pelo volume reduzido de vencimentos de títulos públicos.
Impacto dos juros e vencimentos na dívida
O aumento da dívida ocorreu mesmo com o governo emitindo R$ 154,62 bilhões em títulos novos, enquanto resgatou apenas R$ 6,69 bilhões. O destaque fica para a emissão de papéis prefixados, que representam boa parte da nova dívida. Além disso, a apropriação de R$ 65,13 bilhões em juros elevou o estoque da dívida interna mobiliária (DPMFi) para R$ 7,581 trilhões, avanço de 2,99% em um mês.
Com a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o governo absorve uma parcela significativa de juros, o que pressiona ainda mais o endividamento. A apropriação de juros ocorre mensalmente, reconhecendo a correção dos títulos e incorporando os valores ao estoque da dívida pública.
Dimensão da dívida externa e reservas
Por outro lado, a dívida pública externa reduziu 2,28%, passando de R$ 309,17 bilhões em maio para R$ 302,12 bilhões em junho, influenciada pela queda de quase 4,41% do dólar no mês passado. Essa retração ajuda a aliviar parcialmente a carga do endividamento considerando sua composição cambial.
Reserva financeira e perfil da dívida
Após queda em maio, o colchão financeiro, que funciona como reserva para momentos de turbulência, voltou a subir, atingindo R$ 1,03 trilhão — maior nível desde julho de 2024. Essa reserva cobre atualmente 8,44 meses de vencimentos da dívida. A expectativa é de vencimento de R$ 1,236 trilhão em títulos nos próximos 12 meses.
Composição e prazos
A composição da dívida manteve-se relativamente estável: títulos indexados à inflação (linkados a índices de preços) representam 26,45%, enquanto os prefixados atingem 21,57%. Os papéis vinculados à Selic oscilam levemente, passando de 48,25% para 48,16%. O prazo médio da dívida caiu de 4,20 para 4,14 anos, indicando uma renovação rápida nos títulos emitidos.
Detentores e participação estrangeira
As instituições financeiras continuam sendo os principais detentores da dívida interna, com 31,3%. Fundos de pensão e fundos de investimento completam o grupo, com 23,1% e 22,1%, respectivamente. A participação de investidores estrangeiros caiu de 9,9% para 9,8%, com participação menor que o pico de 11,2% registrado em novembro do ano passado.
Perspectivas futuras
Mesmo com a trajetória de alta, o Tesouro Nacional projeta que a dívida pública encerrará 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões, conforme previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF). A evolução da dívida vai continuar sendo influenciada pelas condições de mercado, juros básicos e volume de vencimentos nos próximos meses.
Mais informações podem ser acompanhadas no site da Agência Brasil.