No último domingo, durante uma missa celebrada no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, o secretário para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, dom Paul Richard Gallagher, enfatizou a importância deste sagrado local como um ponto não apenas de memória, mas também de missionação. O prelado trouxe à tona os numerosos desafios que a Igreja local enfrenta, como a migração, a violência, a criminalidade, a indiferença religiosa, bem como questões de pobreza e degradação ambiental.
Um apelo à ação espiritual
Dom Gallagher, em sua homilia, afirmou que a essência do Santuário transcende ser uma mera lembrança histórica. “Aqui, continua vivo o apelo a honrar a Deus, amar o próximo, proteger a vida, servir os pobres e acolher os migrantes,” disse ele, referindo-se ao papel da Igreja como “um hospital de campo,” conforme mencionado pelo Papa Francisco. A significativa data da missa, 27 de julho, marca também a reflexão sobre os legados deixados pela Virgem Maria, que em 1532 fez aparições para Juan Diego, um indígena que, mais tarde, seria canonizado.
A presença de Maria na cultura local
O arcebispo lembrou que Maria não se apresentou através dos conquistadores, mas como uma mulher do povo: uma mestiça grávida do Verbo feito carne, falando na língua dos astecas. “Com suas palavras, ela uniu duas culturas. Ofereceu consolo a um povo que teve suas vidas transformadas e inaugurou uma nova evangelização que não foi imposta, mas acolhida,” destacou Gallagher. Essa perspectiva é vital para entender a profunda ligação da Virgem com o povo mexicano, e a sua contínua relevância ao longo da história.
Mais que uma relíquia
O prelado também ressaltou a importância da tilma de Juan Diego, não como uma simples relíquia, mas como um testemunho vivo do poder de Deus. “A partir daquele momento, milhões de pessoas se aproximaram de Cristo, não pela força, mas pelo amoroso chamado de uma mãe,” afirmou. Essa simbologia é essencial para a identidade da Igreja no México, que tem enfrentado diversas adversidades, mas que se manteve firme em sua fé, como evidenciado pela coragem de muitos fiéis durante períodos de perseguição no século XX.
Desafios contemporâneos
Segundo Dom Gallagher, os desafios que a Igreja enfrenta atualmente incluem não apenas a migração e a violência, mas também a degradação ecológica e um crescente vazio espiritual. Ele apelou para que a comunidade católica reforce sua capacidade de ouvir a Deus com sinceridade e de permanecer em oração, destacando que “Maria nos ensina a rezar com a presença e não apenas com palavras.” Essa abordagem destaca a relevância da Madre Guadalupe em tempos de crise.
Uma mensagem de união e esperança
A mensagem de Nossa Senhora de Guadalupe, segundo Gallagher, deve brilhar nestes tempos de divisão. Ele reforçou que a Virgem não está apenas presente em memórias passadas, mas que sua mensagem é atual e urgente. “Ela convida a Igreja no México a não apenas defender a fé, mas a vivê-la de forma profética,” afirmou. A necessidade de ser um sinal de unidade, justiça e paz, enraizado na oração, é uma missão que se torna cada vez mais necessária.
Solidariedade com os marginalizados
Para concluir, Dom Gallagher enfatizou que Nossa Senhora de Guadalupe é mais que a Mãe do México; ela é a Mãe das Américas e de todos os povos. Sua imagem representa a solidariedade com aqueles que sofrem e são marginalizados. “Devemos não apenas admirar Nossa Senhora, mas também imitar sua disponibilidade ao plano de Deus,” finalizou.
Essas palavras ecoam como um chamado à ação, instigando uma reflexão sobre o papel que cada um pode desempenhar na construção de uma sociedade mais solidária e compasiva. O Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe continua a ser um farol de esperança e uma fonte de inspiração para enfrentar os muitos desafios contemporâneos.
