O fechamento de um acordo entre Estados Unidos e União Europeia aumenta a pressão sobre o Brasil para tentar evitar a tarifa de 50% que deve entrar em vigor em 1º de agosto. Segundo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o curto prazo dificulta a negociação e as chances de sucesso são mínimas.
Propostas e limitações do Brasil diante do cenário internacional
Castro destaca que o governo americano não demonstra interesse em fazer um acordo rapidamente, limitando as ações do Brasil. “Não temos muita coisa a fazer neste momento. Quanto mais rápido os EUA negociarem, menores os prejuízos para o Brasil”, afirmou. Ele também ressalta que o país não possui condições de oferecer um acordo semelhante ao firmado entre os EUA e países asiáticos, como Japão, Vietnã e Indonésia, que abriram totalmente seus mercados ou aceitaram altas tarifas.
Negociações limitadas e o impacto das decisões de Trump
Segundo Castro, Trump tem usado o tempo de forma estratégica, deixando o Brasil “sangrar” com a tarifa enquanto aguarda condições mais favoráveis. Ele observa ainda que as declarações do governo brasileiro não ajudaram a avançar nas negociações e que o momento é de esperar que os EUA tomem uma decisão, com o risco de o Brasil sofrer as consequências sem respostas concretas.
Contexto internacional e o avanço de acordos dos EUA
Os Estados Unidos já firmaram acordos com União Europeia, Japão, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Reino Unido, além de uma trégua tarifária com a China. Esses acordos envolvem abertura total de mercado para produtos americanos, algo que o Brasil, na visão de especialistas, não consegue propor no momento. “Nosso governo não tem margem de manobra para uma proposta aceitável por Trump”, avalia Castro.
Consequências e novos desafios para o Brasil
O especialista ressalta que o envolvimento pessoal de Trump na questão tarifária dificulta ainda mais as negociações. “O que vamos propor ao Trump? Abertura de mercado? Exportação com alíquota de 10%, 15%, 20% ou 50%? Infelizmente, estamos sem condição de oferecer uma contraproposta adequada”, afirma. Além do impasse com os Estados Unidos, Castro lembra que o país precisou lidar recentemente com uma tarifa de 77% imposta pela Venezuela, que, apesar de ter impacto político, não tem um peso econômico relevante.
Para Castro, a postura do governo brasileiro também foi prejudicial ao colocar declarações que não contribuíram para o avanço das negociações, agravando a situação em curto prazo. “Trump está vendo o circo pegar fogo, com a escritura em mãos, mas sem querer agir agora. Tudo o que der errado vai cair no colo dele”, conclui.
Perspectivas futuras e medidas emergenciais
O governo brasileiro trabalha para implementar um pacote de socorro aos exportadores prejudicados pelo tarifaço, mas o tempo é um inimigo na tentativa de manter o mercado aberto. As negociações continuam, porém, a expectativa é que o Brasil sofra as consequências da tarifa de Trump, sem uma resposta à altura até o prazo final.