Em comemoração aos 100 anos do Itaú, os principais líderes da instituição destacam que a sua longevidade depende de uma forte capacidade de adaptação às mudanças rápidas do mercado, especialmente com o avanço da inteligência artificial e das novas tecnologias.
O legado centenário e os novos rumos do Itaú
Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, herdeiros de tradicionais famílias de banqueiros, avaliam que o sucesso do Itaú ao longo de um século se deve à sua habilidade de interpretar as transformações do mundo e reagir às crises com inovação e agilidade. Segundo eles, o maior desafio agora é construir as bases para alcançar 200 anos de existência, o que exige compreender o ritmo acelerado das mudanças atuais.
Transformação tecnológica e cultura organizacional
De acordo com Salles, a tecnologia tem sido fundamental na evolução do banco, desde os planos econômicos até os bancos digitais. “A relação com o cliente vai ser cada vez mais direcionada ao indivíduo, mais personalizada e menos massificada”, afirmou o executivo, destacando a importância de uma cultura interna que promove a inovação contínua.
Setubal reforça que a inteligência artificial apresenta uma transformação sem precedentes, que precisa ser encarada com abertura a mudanças. “Essa tecnologia terá um impacto maior e mais rápido do que imaginávamos. É preciso estar preparado para usar seu potencial ao máximo”, disse.
Desafios regulatórios e segurança digital
Os líderes ressaltam que o sistema financeiro é altamente regulado, o que é necessário para garantir a solidez e a proteção dos clientes. Segundo Setubal, a implementação do Open Finance e outras inovações regulatórias reforçam a segurança, embora apresentem desafios constantes na luta contra fraudes e ataques cibernéticos. “A tecnologia melhora o escudo contra ameaças, mas o combate é permanente”, afirmou.
Adaptando-se ao cenário internacional e às mudanças na sociedade
O impacto da instabilidade global, a expansão de fintechs e bancos digitais também são temas de atenção. Salies destaca que o Brasil pode se beneficiar das incertezas no comércio internacional, especialmente pela nossa matriz energética limpa. “Precisamos agir com estratégia e diplomacia para transformar oportunidades em crescimento”, comentou.
Quanto às mudanças no mercado de trabalho, os executivos concordam que a flexibilização — como menor interesse na CLT e maior busca por autonomia— é uma evolução que exige uma adaptação da legislação e das empresas. “A produtividade e a satisfação dos funcionários caminham juntas na nova era do trabalho”, afirmou Setubal.
O futuro do banco e a importância do capital humano
Para concretizar a sua visão de presença por mais dois séculos, o Itaú aposta na renovação constante e na atração de talentos qualificados. Setubal reforça que o acesso à tecnologia deve vir acompanhado de uma cultura interna que estimule a inovação e a capacidade de questionar o status quo.
Questionados sobre a possibilidade de adquirir empresas de tecnologia, os líderes indicam que a estratégia está mais voltada a evoluir por meio de suas próprias soluções, sempre buscando incorporar novidades que possam integrar à estrutura do banco. “Não há milagres, o principal é ter uma equipe competente e disposta à mudança”, reforçou Salles.
Reformas e perspectivas para o Brasil
Ao refletir sobre os principais obstáculos do país, os executivos apontam a necessidade de avanços em equilíbrio fiscal e confiança institucional. Salies acredita que o Brasil possui potencial para se beneficiar das mudanças globais, principalmente no agronegócio, desde que adote uma estratégia diplomática adequada para transformar as oportunidades em crescimento sustentável.
Setubal pondera que o país evoluiu nos últimos anos, mas o ritmo poderia ser mais veloz com uma maior coragem política para implementar reformas estruturais. “Se não enfrentarmos esses desafios, ficaremos reféns de um crescimento limitado, mesmo com a força do sistema financeiro”, alertou.
Sobre o impacto de novas regulações, como o Open Finance, os líderes afirmam que elas são essenciais para fortalecer o mercado e ampliar a inclusão financeira, além de garantir maior segurança digital. A coletiva termina com a reflexão de que o Brasil, apesar das dificuldades, tem tudo para avançar, desde que mantenha a capacidade de inovação e ajuste às mudanças globais.
Fonte: GLOBO
Tags: Itaú Unibanco, inovação, tecnologia, inteligência artificial, mercado financeiro, Brasil, transformação digital