A conectividade é um tema cada vez mais relevante em Moçambique, país que recentemente lançou um projeto inovador para expandir a infraestrutura de telefonia móvel e garantir a inclusão digital de sua população. A ação é fruto de uma parceria público-privada que envolve a Autoridade Reguladora das Comunicações de Moçambique (INCM) e empresas locais, como BDQ Mobile, Movitel, Vanu e Spacecom. A iniciativa visa oferecer serviços de telecomunicação a preços acessíveis para comunidades que ainda não têm acesso ou cuja conectividade é limitada.
Desafios da conectividade em África
A necessidade de ampliar a conectividade é uma questão crucial para a África, onde uma significativa parte da população é jovem e carece de acesso a tecnologias que possibilitem desenvolvimento e igualdade de direitos. O continente enfrenta dificuldades na expansão da internet, especialmente em regiões não urbanizadas. Com uma taxa de urbanização de apenas 45%, segundo dados de 2023, a África deve superar barreiras estruturais para atingir uma maior cobertura de internet.
O projeto-piloto em Moçambique vai nesse sentido, buscando garantir que pessoas fora dos centros urbanos, como na província de Maputo, tenham acesso à telefonia móvel e, consequentemente, à internet. Para isso, uma antena parabólica foi instalada na localidade de Xinavane, que atenderá cerca de 15 mil pessoas em um raio de 50 quilômetros. O Ministro das Comunicações de Moçambique, Américo Muchanga, enfatizou que a meta do projeto é oferecer internet acessível, especialmente para aqueles que não têm condições financeiras de arcar com os custos dos serviços.
Internet para todos até 2030
Os dados demonstram que a necessidade de intervenção é urgente: apenas 6,45% da população moçambicana tem acesso à internet, apesar do acesso à telefonia ultrapassar 90%. O projeto-piloto faz parte de uma estratégia nacional mais ampla, denominada “Internet para Todos 2030”, que prevê a instalação de antenas de internet em 310 escolas e a meta de 95% de cobertura nacional de internet e 99% de disponibilidade do serviço através da tecnologia 5G. Além disso, será realizado treinamento para capacitar a população ao uso de serviços online.
Essa iniciativa é um passo estratégico para enfrentar os desafios da conectividade em Moçambique, mas a realidade do continente africano ainda revela um cenário de desigualdade. De acordo com dados da ONU de 2024, apenas 38% da população africana tem acesso à internet, uma média bem abaixo do mundo, que é de 68%. As disparidades são ainda mais alarmantes entre gêneros e entre áreas urbanas e rurais; enquanto 43% dos homens estão conectados, apenas 31% das mulheres têm acesso à internet.
Investindo no futuro digital da África
Entre as barreiras que dificultam a universalização do acesso à internet em África estão a infraestrutura deficitária e o alto custo dos serviços. Estudos indicam que conectar-se a 1 gigabyte de internet pode consumir mais de 5% da renda dessas populações, muito acima do limite de 2% estipulado pela ONU como ideal para acessibilidade. Isso evidencia a urgência de projetos como o implementado em Moçambique, que não só busca economia, mas também promove a inclusão social por meio da tecnologia.
Portanto, enquanto Moçambique dá passos importantes rumo à transformação digital, a continuação da implementação de políticas públicas eficazes e parcerias com o setor privado será fundamental para garantir que essa inclusão digital se amplie e beneficie a totalidade da população, especialmente as populações mais vulneráveis. A esperança é que o exemplo de Moçambique inspire outras nações africanas a investir em sua infraestrutura digital, cumprindo assim um papel no avanço tecnológico do continente.