O governo brasileiro trabalha na elaboração de um plano de contingência para apoiar exportadores nacionais diante da ameaça de uma tarifa de 50% impostas pelos Estados Unidos, previstas para entrar em vigor a partir de 1º de agosto. A estratégia inclui linhas de crédito, subsídios e ações para minimizar o impacto de uma possível medida, enquanto negociações diplomáticas continuam com dificuldades.
Plano de socorro com prazos de 30, 60 e 90 dias
Interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que o governo estima um cronograma de 30, 60 e 90 dias para ajudar setores que não podem esperar. Alguns produtos, como café em grãos, carnes e sucos, poderiam suportar prazos maiores, conforme análise do governo. Bens duráveis também terão um horizonte de proteção mais prolongado.
Negociações e dificuldades diplomáticas
Apesar do esforço brasileiro para estabelecer um canal de diálogo, as portas continuam fechadas na Casa Branca, com as decisões concentradas na autoridade do próprio ex-presidente Donald Trump. Uma fonte do governo afirmou que, até o momento, nenhuma autoridade brasileira possui autorização para negociar diretamente com os EUA nesse âmbito.
Medidas de apoio ao setor pesqueiro
Em especial, o governo avalia subsidiar pescadores ligados à exportação de produtos perecíveis, como atum, que tem 55% do pescado do Ceará direcionado ao mercado externo. Com o preço elevado do produto no mercado interno, a ajuda buscada visa viabilizar a venda doméstica, além da possibilidade de o governo comprar e estocar os produtos, o que, no entanto, elevaria os custos.
Impacto nas exportações de eletroeletrônicos e setor de minerais
O setor de eletroeletrônicos, principal destino das exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre de 2025, que representou 29% do total externo, também sofre com a possibilidade de tarifas elevadas. Empresas do setor pedem ao governo a suspensão de impostos e linhas de crédito emergenciais, além de pleitos para desonerar custos de produção.
Reação da sociedade e ações empresariais
Associações empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), planejam missões diplomáticas aos EUA para sensibilizar os governantes americanos e tentar evitar ou reduzir os efeitos das tarifas. Além disso, o setor de eletrônicos sugere a necessidade de medidas paliativas, como redução da jornada de trabalho e concessão de crédito imobiliário, enquanto se busca um acordo de redução tarifária com os EUA.
Perspectivas futuras e possíveis alternativas
O vice-presidente Geraldo Alckmin lidera as negociações, embora ainda não se saiba se será recebido pelo governo americano durante sua visita a Washington. Enquanto isso, há previsão de uso do Fundo de Garantidor de Operações (FGO) e linhas de crédito específicas para pequenas empresas, com o objetivo de atenuar os efeitos negativos da tarifação.
Repercussões internacionais e crise diplomática
Internacionalmente, a medida dos EUA recebeu críticas, sendo classificada pelo jornal The Economist como uma “chocante agressão” à autonomia do Brasil. Especialistas reforçam que o esforço do governo visa facilitar a convergência de negociações para evitar uma escalada da disputa comercial.
Mais informações sobre as ações do governo e o impacto da tarifa podem ser acessadas no site do Globo.