A diocese de Castanhal, no Pará, sedia entre os dias 24 e 27 de julho o 1° Nortão da Catequese, evento que promete reunir mais de 300 catequistas provenientes dos Regionais Norte 1, Norte 2, Norte 3 e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Com o tema “Iniciação à Vida Cristã na Amazônia: Anúncio, Mistagogia e Ecologia Integral”, a iniciativa visa fortalecer a catequese e o anúncio da fé na rica e diversificada cultura amazônica.
Reflexões sobre a identidade evangelizadora
Durante o encontro, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da CNBB, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, trouxe à tona uma importante reflexão sobre “A Igreja deve crescer na Amazônia (QA 66): Querigma, um anúncio de Esperança”. Ele destacou a necessidade de adaptação do anúncio da fé às peculiaridades da região amazônica, ressaltando que os povos que habitam a Amazônia têm o direito ao “anúncio evangelizador”.
O cardeal lembrou que o Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade reforça que todos os fiéis são chamados a divulgar a mensagem de Jesus como “nossa Esperança”. “A catequese é a transmissão da fé, uma comunicação viva”, reiterou, enfatizando que deve ser um anúncio decisivo para a vida da Igreja. Inspirando-se na Evangelii Nuntiandi, o arcebispo expressou que a catequese deve ser um meio de alcançar a unidade na fé e no conhecimento de Cristo, conforme ensinado por São Paulo.
Fazer ecoar o novo Reino entre os povos amazônidas
O cardeal destacou que a catequese é essencial para “fazer ecoar pelo mundo o novo Reino de amor” conforme preconizado por São João Paulo II. Ela não é apenas instrução, mas um processo de aprofundamento na fé cristã e na visão de Jesus como um verdadeiro modelo de vida. O Papa Francisco já afirmava que, desde o Novo Testamento, os cristãos têm a missão de partilhar os ensinamentos dos apóstolos. Portanto, Steiner reiterou que a catequese deve refletir “a presença de Jesus Crucificado-Ressuscitado, promovendo um novo sentido de comunidade entre os crentes”.
“Devemos ressoar constantemente a mensagem de Jesus aqui na Amazônia”, apontou o cardeal, enfatizando a prioridade da catequese na realidade sociocultural das comunidades amazônicas. Para ele, a catequese deve ser vivida como uma “evangelização libertadora”, afastando-se de uma abordagem que se limita a doutrinas ou regras a serem seguidas.
Identidade cristã com foco nas especificidades amazônicas
Steiner também refletiu sobre a importância de uma catequese que promovesse uma “vida em Cristo com rosto amazônico”. Ele acredita que a catequese deve ser um espaço de crescimento na identidade cristã, adaptando-se às várias realidades culturais e sociais das comunidades. “A catequese deve ser um processo que incita a responsabilidade e a liberdade de ser um discípulo missionário”, sustentou o arcebispo.
Ele frisou que, para alcançar efetivamente essa identidade, a catequese deve ser desenvolvida nas Comunidades Eclesiais de Base, apontando que estas são fundamentais para expandir a fé. Segundo Steiner, a sinodalidade deve guiar o crescimento da catequese, reconhecendo a importância de líderes leigos e fortalecendo a presença da mulher nas comunidades.
Inculturação e o diálogo com as realidades locais
O arcebispo de Manaus destacou ainda a necessidade da catequese passar por um intenso processo de inculturação, ou seja, de respeito e diálogo com as culturas amazônicas. “A Igreja deve adaptar sua identidade ouvindo a sabedoria dos povos locais e promovendo um verdadeiro diálogo cultural”, afirmou.
Segundo Steiner, “uma catequese que não respeita as culturas locais é uma catequese que pode perder sua relevância”. Para ele, a formação de catequistas que compreendam e respeitem a cultura indígena é vital para uma comunicação efetiva da fé em cada comunidade, utilizando-se dos valores e saberes tradicionais.
Um chamado à conversão ecológica e fraterna
Por fim, o cardeal concluiu que a catequese também deve fomentar uma conversão ecológica, levando as comunidades a se tornarem mais atentas às questões ambientais e sociais que permeiam a Amazonia. Através de uma catequese sinodal, as comunidades devem se engajar mais ativamente como “missionárias, acolhedoras e solidárias”, criando laços de fraternidade.
A realização do 1° Nortão da Catequese é, portanto, uma oportunidade ímpar para que os catequistas reflitam sobre suas práticas, buscando sempre a melhor forma de vivenciar e partilhar a fé em contextos tão diversos e desafiadores como o da Amazônia.