A recente decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, trouxe desafios significativos para os produtores de mel do Piauí. A situação levou o Grupo Sama, um dos maiores exportadores do Brasil, a intensificar suas estratégias e buscar novas rotas comerciais, especialmente em mercados da Europa e da Ásia. Nos últimos 15 dias, 152 toneladas do mel produzido no estado deixaram de ser exportadas para o principal mercado consumidor, os Estados Unidos.
Reestruturação e novos horizontes
O Grupo Sama tem reagido rapidamente a essa nova realidade, buscando expandir sua atuação em países como Alemanha, Holanda, Bélgica e Dinamarca, na Europa, além de destinos como Canadá, Japão, China e Emirados Árabes. “Temos um produto com demanda global superior à oferta, produzido com práticas sustentáveis e qualidade reconhecida internacionalmente. Por isso, estamos ampliando nosso alcance internacional e avaliando alternativas estratégicas à suspensão temporária de pedidos por parte de clientes norte-americanos”, afirmou Samuel Araujo, CEO do Grupo Sama.
Araujo destacou a importância de reorganizar a logística e fortalecer relações comerciais com países que oferecem estabilidade regulatória e preços competitivos. “O mercado europeu, por exemplo, tem se mostrado receptivo a ampliar as importações”, acrescentou. A qualidade do mel brasileiro, especialmente o orgânico e certificado, é altamente valorizada no exterior, o que oferece oportunidades para os produtores piauienses, mesmo diante das dificuldades atuais.
A crise nas exportações e o potencial do setor
Apesar dos desafios, os contratos com clientes norte-americanos não foram cancelados, refletindo uma confiança mútua em que, com a adaptação necessária, o negócio pode prosperar. “Temos uma posição consolidada nos Estados Unidos, atendendo grandes distribuidores do setor alimentício. Mas estamos igualmente preparados para ampliar nossa atuação internacional, garantir o fluxo de caixa dos apicultores parceiros e sustentar a operação”, disse Araujo.
Estima-se que a produção de mel no Piauí e na região Nordeste é composta essencialmente por micro e pequenos produtores. O Grupo Sama, fundado há 28 anos em Oeiras, é responsável pela compra da produção de mais de 12 mil desses pequenos produtores, garantindo não apenas a continuidade de suas atividades, mas também a sustentabilidade econômica na região.
Oportunidade no mercado global
“O mundo busca por alimentos saudáveis, com origem rastreável e impacto ambiental e social positivo. O mel brasileiro — especialmente o orgânico — está perfeitamente posicionado para esse mercado”, concluiu Araujo. Nesse contexto, a apicultura do Piauí pode encontrar novas oportunidades em um cenário onde há um crescente interesse global por produtos sustentáveis e de alta qualidade.
Enquanto isso, a situação atual serve como um catalisador para a indústria do mel do Piauí se reinventar e buscar alternativas sólidas para garantir sua competitividade no mercado internacional. A resiliência dos produtores e a capacidade de adaptação às novas realidades do comércio externo continuarão a ser cruciais para o futuro do setor.
O Grupo Sama, reconhecido pela excelência de seus produtos, mostra que, mesmo em momentos de crise, é possível traçar novos caminhos e expandir horizontes, mantendo um compromisso com a qualidade e a sustentabilidade. O desafio imposto pelas tarifas dos EUA é visto não apenas como um obstáculo, mas também como uma oportunidade de diversificação e crescimento, que pode beneficiar a indústria apícola do Brasil nos anos vindouros.
Como as tarifas de Trump impactaram a exportação de mel brasileiro e quais são os próximos passos que o setor adotará para enfrentar desafios futuros? Essa é uma questão que permanece em aberto à medida que os produtores continuam a se adaptar a um mercado em constante evolução.
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