A situação dos professores na rede pública de ensino do Distrito Federal acabou de ser revelada em um novo estudo que destaca a presença de 15.313 professores temporários, o que equivale a impressionantes 39,02% do total de docentes. O dado, divulgado pela Secretaria de Educação, mostra um leve avanço em comparação com 2024, quando o percentual de temporários chegava a 60,03%, conforme dados do Censo de Educação Básica do Inep.
A importância dos professores efetivos
O cenário atual revela uma preocupação crescente sobre a estabilidade e a qualidade do ensino. No total, existem 23.922 professores concursados, e a fragilidade do sistema se torna evidente, uma vez que muitos alunos estão sendo educados por profissionais em contratos temporários.
Contratos temporários são uma modalidade de contratação que visa substituir professores efetivos em licenças ou afastamentos. No entanto, essa estratégia pode volcar uma série de conseqüências negativas à educação no DF, como a baixa continuidade que afeta o aprendizado dos alunos. A professora Catarina de Almeida Santos, da Universidade de Brasília (UnB), aponta que o principal motivo para a alta taxa de professores temporários é a economia que esses contratos representam para o governo.
Custos e impactos no ensino
“O professor temporário é muito mais barato para a rede. Ele não precisa renovar seu contrato anualmente, não possui progressão de carreira e pode ser dispensado a qualquer momento”, declarou Santos. Essa realidade traz uma série de problemas, como a falta de comprometimento e continuidade nas aulas, gerando um impacto negativo na formação e aprendizado dos alunos.
Os professores temporários no DF recebem uma remuneração proporcional à carga horária trabalhada, enquanto um professor efetivo com carga de 40 horas semanais tem salário inicial de R$ 6.427,71, com valor/hora de R$ 40,17. Além disso, enquanto ambos os grupos recebem auxílio-alimentação, transporte e creche, as garantias para os temporários são incertas.
Consequências da alta quantidade de professores temporários
A precarização da carreira docente se reflete não apenas nas condições de trabalho, mas diretamente na experiência educacional dos alunos. Com um quadro de professores incompleto, o adoecimento físico e mental dos docentes e a falta de continuidade no trabalho educativo se tornam desafios reais enfrentados por escolas em todo o DF.
“Quando uma rede de ensino não garante condições adequadas de trabalho e estabilidade aos professores, o impacto atinge diretamente o direito das crianças à educação. Isso gera um ciclo vicioso que prejudica não apenas os educadores, mas também afetará as gerações futuras”, ressaltou Catarina de Almeida Santos.
Propostas para melhoria da situação docente
No início de junho, a insatisfação dos professores resultou em uma greve de 24 dias, onde reivindicaram melhoras salariais e propostas de reestruturação da carreira. Um acordo foi finalmente alcançado com o Governo do DF, que se comprometeu a:
- Nomear ao menos 3 mil novos professores até dezembro de 2025.
- Prorrogar o concurso público vigente por mais dois anos.
- Realizar um novo concurso público em 2026, prometendo editar o edital no primeiro semestre.
- Aumentar a gratificação de titulação para professores efetivos.
- Manter uma mesa de negociação permanente para discutir a valorização da carreira.
Essas ações podem contribuir para sanar a falta de professores e garantir uma educação de qualidade para todos os estudantes da rede pública do DF, no entanto, a implementação dessas promessas será crucial para transformar a realidade das escolas e proteger o direito à educação de qualidade.
Desafios a serem enfrentados
Com cerca de 5 mil professores se aposentando anualmente no Brasil, a necessidade de contratação de docentes efetivos se torna cada vez mais urgente. O desafio é encontrar maneiras de tornar a carreira docente mais atraente e sustentável, de modo que mais profissionais se sintam motivados a ingressar na área e permanecer nas escolas.
A situação atual dos professores temporários na rede pública do Distrito Federal levanta importantes questões sobre a valorização da educação e o compromisso com o futuro das crianças. A continuidade na formação e o esforço coletivo para garantir uma base educacional forte e saudável são fundamentais para assegurar uma educação de qualidade em todas as esferas.