O FlatFish, um inovador veículo autônomo submarino (AUV) desenvolvido no Brasil, está transformando o setor de petróleo e gás. Com a capacidade de realizar inspeções subaquáticas profundas e precisas, esse pequeno robô, oriundo da Bahia, alia robótica e inteligência artificial para detectar anomalias nas infraestruturas marinhas. Desde sua idealização em 2014 até a sua atual fase de industrialização, o FlatFish tem demonstrado um potencial significativo para revolucionar normas de segurança e eficiência nas operações off-shore.
A ideia por trás do FlatFish
O projeto do FlatFish surgiu da colaboração entre o Senai CIMATEC, a Shell Brasil e o Instituto Alemão de Inteligência Artificial e Robótica (DFKI). O robô foi projetado para monitorar equipamentos submarinos e coletar dados que permitem a geração de imagens tridimensionais em alta resolução. Esta tecnologia não apenas auxilia na visualização de potenciais falhas, mas também contribui para a prevenção de acidentes nas operações que ocorrem em altíssimas profundidades.
Com uma profundidade de operação que pode alcançar os 3 mil metros, o FlatFish se destaca por sua autonomia. Ele é capaz de se mover em todas as direções sem a intervenção humana, além de não precisar estar conectado a outros dispositivos. Essa independência permite que suas operações sejam realizadas com maior eficiência e flexibilidade, reduzindo a necessidade de embarcações de apoio.
Desenvolvimento e desafios enfrentados
Leonardo Nardy, gerente executivo do Senai CIMATEC, revelou os desafios que marcaram a trajetória do desenvolvimento do FlatFish. “Tivemos que montar uma equipe especializada em robótica e realizar intercâmbios de conhecimento com órgãos internacionais”, explica. Esses esforços renderam testes nas águas da Bahia de Todos os Santos e agora na fase de industrialização do projeto.
Em 2018, a tecnologia do FlatFish foi licenciada para a empresa Saipem, que se encarregou da industrialização dessa inovação em ambientes de águas profundas. Dessa forma, o robô passou a ser aprimorado e agora está em fase de testes-piloto na Bacia de Campos, em colaboração com a Petrobras. “O AUV já foi testado com sucesso em ambientes controlados na Itália e está em operação nos serviços internos da Saipem no Oriente Médio”, relata Rosane Zagatti, gerente de tecnologia da Shell Brasil.
Impactos e benefícios esperados
Os impactos do FlatFish vão além das águas profundas. O desenvolvimento do robô facilitou a criação de um Centro de Competência em Robótica e Sistemas Autônomos no Senai CIMATEC, que forma jovens engenheiros para o mercado de trabalho brasileiro. Nardy ressalta que o projeto gerou um vasto conhecimento dentro da área de robótica aplicada a petróleo e gás e outras indústrias, posicionando o Senai como uma referência nacional nesta tecnologia.
Além disso, a iniciativa também abre portas para futuras investigações e aplicações da tecnologia desenvolvida. “Sistemas autônomos, como o FlatFish, têm uma infinidade de usos e podem ser utilizados para inspeções ambientais e de equipamentos em diversos segmentos”, defende Nardy.
O futuro do FlatFish e a economia do mar
O FlatFish não só promete revolucionar a forma como as inspeções submarinas são feitas, mas também reflete um movimento maior voltado para a Economia do Mar no Brasil. A nova unidade do Senai CIMATEC Mar, por exemplo, foi criado para apoiar pesquisas e atividades industriais e comerciais relacionadas ao setor marítimo. “Com o desenvolvimento do FlatFish, conseguimos avançar neste projeto que atende às crescentes demandas do mercado”, conclui Nardy.
À medida que a tecnologia continua a avançar, o FlatFish se posiciona como uma proposta não apenas inovadora, mas também essencial para o futuro do setor de petróleo e gás no Brasil, estabelecendo novas formas de operação que promovem segurança e eficácia. O impacto positivo e o reconhecimento recebidos em premiações internacionais reforçam o potencial do robô para se tornar um pilar na indústria offshore global.
Com inovações como o FlatFish, o Brasil não apenas conquista destaque no cenário da tecnologia marinha, mas também investe no futuro sustentável da exploração e monitoramento das riquezas disponíveis em suas águas profundas.