A Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC) aprovou nesta quinta-feira a fusão entre Paramount Global e Skydance Media, após receber garantias de que a nova empresa manterá o compromisso com o jornalismo imparcial, além de evitar práticas controversas relacionadas à diversidade e inclusão. A decisão, tomada em votação de 2 a 1, marca um passo importante na transformação do setor de mídia norte-americano.
Garantias e condições para aprovação da fusão
Segundo o presidente da FCC, Brendan Carr, a aprovação ocorreu somente após a concessions da Skydance, que se comprometeu a não criar programas com conteúdos ligados à diversidade, equidade e inclusão, e a manter um ombudsman por dois anos para avaliar reclamações de viés na cobertura. Carr afirmou que “o público americano perdeu a confiança na mídia tradicional para obter informações completas e precisas”, e que essa mudança é necessária.
O grupo de investidores liderado por David Ellison, CEO da Skydance, concordou com os termos mesmo diante de críticas e da oposição de uma democrata na FCC, Anna Gomez. Ela criticou a decisão, afirmando que a FCC estaria enfraquecendo a independência jornalística ao aprovar um acordo que, na sua visão, compromete a liberdade de imprensa.
O impacto da fusão no setor de mídia
A fusão deve ser concluída até 7 de agosto, com Ellison assumindo o comando da nova empresa como presidente e CEO. A transação envolve um investimento superior a US$ 8 bilhões e pretende fortalecer o posicionamento da Paramount, que enfrenta dificuldades financeiras e cortes de funcionários, de acordo com informações internas.
Ellison, filho do cofundador da Oracle, Larry Ellison, prometeu ampliar a produção de filmes e títulos de televisão de sucesso, como “Yellowstone” e “Bob Esponja”. A iniciativa também busca revitalizar o negócio de TV tradicional da Paramount, que vem perdendo audiência para plataformas de streaming. A companhia já firmou um contrato para manter a produção de “South Park”, uma de suas franquias mais rentáveis.
Controvérsias e críticas
A aprovação acontece após análise de um processo que contou com a oposição de outros potenciais compradores, além de críticas por parte de grupos que alegaram favorecer a esquerda na cobertura jornalística da Paramount. Como condição, a companhia voluntariamente aceitou um ombudsman independente para lidar com reclamações de viés e ajustou suas operações editoriais em cidades fora de Nova York e Los Angeles.
Na opinião de Carr, a análise considerou fatores políticos, incluindo uma entrevista de Kamala Harris pela CBS, e possíveis discriminações embutidas nas políticas de diversidade. A decisão também foi influenciada por debates sobre transparência e liberdade de imprensa, num momento de crescente desconfiança da população com relação aos meios de comunicação tradicionais.
Perspectivas fiscais e estratégicas
Após o anúncio, as ações da Paramount subiram aproximadamente 1,5%, refletindo o otimismo do mercado com as mudanças. A nova estrutura visa consolidar a posição da empresa no mercado, com Ellison prometendo ampliar a produção de franquias cinematográficas e de TV, buscando equilibrar os desafios de um setor em rápida transformação.
Enquanto isso, a FCC reforça seu papel na regulação de fusões, sob a justificativa de garantir uma mídia que atenda aos interesses do público sem comprometer a independência jornalística. A aprovação solidifica o caminho para que Ellison implemente seus planos de crescimento, apoiado por investidores como a RedBird Capital Partners.
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