O recente tumulto envolvendo o senador Marcos do Val (Podemos-ES) levanta sérias questões sobre a legalidade de suas ações e suas relações com o Supremo Tribunal Federal (STF). O congressista teve sua conta, cartões e transações via Pix bloqueadas após desobediência a ordens judiciais. Segundo o próprio senador, essa decisão partiu do ministro Alexandre de Moraes.
Viagem polêmica e restrições judiciais
Do Val viajou para Miami, nos Estados Unidos, na quarta-feira (23/7), mesmo com o passaporte retido por determinação do STF. A viagem, embora confirmada por ele, gerou uma onda de críticas e aumento da pressão pública. Marcos do Val é suspeito de obstrução de Justiça ao publicar informações sobre o delegado da Polícia Federal, Fábio Schor, que conduz as investigações contra figuras proeminentes do bolsonarismo, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em uma nota divulgada à imprensa, o senador declarou ter avisado previamente ao STF sobre sua viagem, afirmando não estar cometendo qualquer irregularidade. No entanto, o Supremo se absteve de comentar a situação, destacando que o inquérito continua em sigilo. Para deixar o Brasil, Marcos do Val precisa de uma autorização expressa do ministro, que foi negada. Portanto, sua viagem é considerada uma transgressão a uma ordem judicial.
“Apesar de estar sofrendo graves violações das minhas prerrogativas parlamentares, até o momento, não há qualquer decisão judicial válida que restrinja a minha liberdade de locomoção. Continuo exercendo plenamente meu mandato e mantendo agendas institucionais”, declarou do Val em nota.
Documentação e justificativas do senador
O senador argumenta que possui documentos válidos para sua entrada nos Estados Unidos, destacando que seu passaporte diplomático é válido até 31 de julho de 2027. Ele também mencionou que teve seu visto renovado em julho de 2025, reforçando a legitimidade de sua presença no exterior. Ao abordar a situação em uma entrevista ao Metrópoles, Do Val afirmou que tinha a intenção de retornar ao Brasil após o recesso parlamentar, mas que decidiu mudar seus planos e seguir para Washington em razão do bloqueio de suas contas bancárias, uma ação tomada pelo STF.
Contexto das investigações
Marcos do Val se tornou um personagem notório na política brasileira após suas alegações contra o governo de Jair Bolsonaro, alegando que ele gravou uma reunião com o ministro Alexandre de Moraes. Desde então, sua narrativa tem sido marcada por mudanças, gerando desconfiança e colocando-o no centro de um inquérito que começou em fevereiro de 2023. Ele, a partir de críticas, chegou a desmentir sua versão original e isentar Bolsonaro, o que acarretou em sua deslegitimação perante muitos aliados e sua base eleitoral.
O senador também foi alvo de uma operação da Polícia Federal em junho de 2023, resultando na suspensão de suas contas nas redes sociais por supostas tentativas de obstruir as investigações acerca dos eventos de 8 de Janeiro. Após este episódio, ele se afastou temporariamente do cargo por 40 dias, continuando a alegar ser alvo de perseguição política.
Novos desdobramentos e fiscalização das ações de do val
No transcorrer de 2024, mais problemas surgiram para o senador, que enfrentou uma nova operação da Polícia Federal. Entre as determinações estava a entrega de seus passaportes, decisão que não foi cumprida. Do Val prometeu entregar os documentos posteriormente, porém, continuou a ser alvo de restrições, como o bloqueio de R$ 50 milhões de suas contas. Em cenário de dificuldades financeiras, chegou a alegar que passaria as noites no Senado, refletindo o impacto negativo que a situação judicial teve em sua vida pessoal e profissional.
A trajetória tumultuada do senador continua a ser observada de perto, tanto por seus eleitores quanto pela opinião pública, que se pergunta quais serão os próximos passos de Marcos do Val na esfera política e como ele responderá às acusações que o cercam. A situação não apenas ressalta as complicações legais envolvendo o político, mas também o desdobramento das tensões entre o Legislativo e o Poder Judiciário no Brasil.