Na Colômbia, um grupo armado denominados Coordenadora Nacional do Exército Bolivariano (CNEB) anunciou a entrega de 13,5 toneladas de armas ao governo após a assinatura do Acordo nº 12, em 19 de julho, na reserva indígena de Inda Zabaleta, no município de Tumaco. O pacto foi intermediado pela Igreja Católica, juntamente com as Nações Unidas, com o objetivo de avançar na pacificação do país.
Construção da confiança e destruição do arsenal
Representantes do governo do presidente Gustavo Petro, do grupo armado e do bispo Monsenhor Héctor Fabio Henao, delegado da Igreja para relações com o Estado, participaram do encontro. Henao explicou que a função da Igreja é atuar como facilitadora permanente nas negociações, conectando as comunidades e acolhendo suas preocupações, principalmente a segurança e a estabilidade nas regiões afetadas pelo conflito.
Durante as conversas, o grupo armado comprometeu-se a dar o primeiro passo na construção da confiança: destruir 13,5 toneladas de munições e dispositivos militares, sendo 9 toneladas no distrito de Nariño, próximo à fronteira com o Equador, e 4,5 toneladas em Putumayo, também limítrofe aos países vizinhos.
Relevância do processo de paz e desafios atuais
A iniciativa ocorre após o fracasso das negociações com a extinta Segunda Marquetalia, parte do grupo das FARC, que rejeitou o Acordo de Paz de 2016. O grupo da CNEB, composto por cerca de 2.000 integrantes, decidiu seguir uma via de diálogo sob o novo nome, buscando implementar soluções concretas para o conflito.
Monsenhor Henao destacou que, no cenário colombiano, ocorre a fragmentação dos conflitos, com o surgimento de novas organizações ou a divisão de grupos existentes, o que dificulta a consolidação da paz. Ele afirmou que a presença efetiva do Estado, com uma governança democrática sólida, é fundamental para ocupar o espaço deixado pelos atores ilegais e garantir os direitos dos cidadãos.
Impactos humanitários e a necessidade de presença estatal
Segundo o Relatório de Situação Humanitária de 2025, publicado pela ONU em junho, mais de 953 mil pessoas foram afetadas pelo conflito entre janeiro e abril deste ano — um número quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2024. A intensificação da violência compromete o avanço da paz e aumenta o sofrimento das comunidades.
Henao reforçou que o cumprimento dos acordos de 2016 e a presença forte do Estado são essenciais para evitar que antigas e novas organizações ilícitas continuem controlando territórios e economia clandestina. “A implementação plena dessas ações é a base para garantir a paz e o exercício das liberdades civis”, afirmou.
A notícia sobre a entrega das armas foi divulgada inicialmente pela ACI Prensa e destaca os esforços da Igreja Católica na mediação de conflitos colombianos, um caminho que, apesar das dificuldades, tenta consolidar a esperança de uma transformação duradoura na região.