Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em parceria com Uber e iFood, intitulado “Futuro do Trabalho por Aplicativo”, revelou que metade dos motoristas do Uber e entregadores do iFood no Brasil dependem exclusivamente dessas plataformas como fonte de renda. Além disso, até 79% desses trabalhadores consideram o ganho mensal proveniente desses aplicativos como fundamental. No entanto, eles também expressaram a necessidade de mais proteção social e direitos trabalhistas, mesmo valorizando a flexibilidade oferecida pelo trabalho por aplicativo.
O levantamento foi realizado entre janeiro e março deste ano, ouvindo aleatoriamente 2.800 motoristas e entregadores parceiros das duas plataformas digitais em todo o país. Os resultados surgem em um momento em que o governo está formando um grupo de trabalho para propor regulamentações para o trabalho por aplicativos, com a participação de ministérios, sindicatos e representantes dos empregadores.
Preferência pela autonomia e flexibilidade
De acordo com o estudo, 75% dos trabalhadores entrevistados preferem manter o atual modelo de trabalho em vez de serem contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pois valorizam a autonomia e a capacidade de definir seus próprios horários e recusar viagens. No entanto, 89% concordam que é necessário garantir mais proteção social e direitos trabalhistas, como a previdência, desde que não haja interferência na flexibilidade.
Continuar atuando em múltiplas plataformas
O estudo revela ainda que 89% dos entrevistados desejam continuar atuando em múltiplas plataformas simultaneamente, mesmo considerando o Uber e o iFood como suas principais opções. Essa preferência por múltiplas plataformas se deve à existência de concorrentes como o 99, para motoristas do Uber, e iniciativas de restaurantes e a plataforma Rappi, para entregadores do iFood.
Importância da construção de políticas públicas
Diante dos resultados, Debora Gershon, executiva responsável pelas Relações Acadêmicas do iFood, ressalta que o trabalho intermediado por aplicativos se tornou uma realidade para 1,7 milhão de motoristas e entregadores no Brasil, oferecendo uma alternativa para gerar renda com flexibilidade. Os dados do estudo servem como ponto de partida para compreender melhor o novo perfil de trabalho e discutir melhorias efetivas. Rafael Alloni, gerente de Relações Governamentais da Uber, afirma que as preferências dos trabalhadores indicam a importância de construir políticas públicas que garantam proteção sem prejudicar a liberdade e a geração de renda de milhões de pessoas.
Preocupações e necessidade de proteção
O estudo também aponta as principais preocupações dos motoristas e entregadores. Entre os motoristas, 57% destacam a manutenção dos veículos como a maior preocupação, seguida pelo medo de assaltos (48%) e a perda de renda em caso de acidentes (46%). Já entre os entregadores, as preocupações incluem a perda de renda após acidentes de trânsito (48%), o risco de serem desvinculados das plataformas (44%) e a manutenção de seus veículos (42%).
Esses resultados ressaltam a importância de debater e implementar políticas que ofereçam proteção social e direitos trabalhistas aos motoristas e entregadores de aplicativos, buscando um equilíbrio entre a flexibilidade proporcionada por essas plataformas e a segurança e bem-estar dos trabalhadores.
Fonte: DataFolha