O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma mudança na mentalidade global para enfrentar as crises múltiplas que assolam o mundo atualmente. Em seu discurso na sessão de trabalho do G7, realizada em 20 de maio de 2023, Lula enumerou a pandemia da Covid-19, mudança do clima, tensões geopolíticas, guerra na Europa, pressões sobre segurança alimentar e energética, e ameaças à democracia como alguns dos problemas iminentes.
Críticas ao sistema financeiro e ao endividamento externo
O presidente brasileiro afirmou que é preciso abandonar paradigmas e mitos que já ruíram. De acordo com ele, o sistema financeiro global deve servir à produção, ao trabalho e ao emprego, destacando a necessidade de esforços e recursos voltados para a economia real.
Lula também criticou o endividamento externo de muitos países, citando o caso da Argentina, chamando-o de causa de desigualdade gritante e crescente. Ele pediu ao Fundo Monetário Internacional para considerar as consequências sociais das políticas de ajuste.
Necessidade de políticas públicas sociais e um Estado indutor
O presidente defendeu políticas públicas voltadas para a garantia de direitos fundamentais e bem-estar coletivo. Ele frisou a importância de um Estado que incentive a transição ecológica e energética, além da indústria e infraestrutura verdes.
Segundo Lula, a dicotomia entre crescimento econômico e proteção ao meio ambiente deve ser superada, e o combate à fome, à pobreza e à desigualdade deve voltar ao centro da agenda internacional.
Reforma nas instituições e representatividade democrática
Lula reiterou que nenhum país pode enfrentar isoladamente as ameaças sistêmicas da atualidade e criticou a formação de blocos antagônicos ou respostas que beneficiem apenas um número pequeno de países.
Ele defendeu mudanças profundas nas instituições e decisões tomadas e implementadas democraticamente. Além disso, afirmou que os países emergentes devem estar adequadamente representados nos principais órgãos de governança global para contribuir efetivamente para resolver as crises que o mundo enfrenta.
O presidente ainda salientou a necessidade de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, incluindo novos membros permanentes, para recuperar a eficácia, autoridade política e moral da organização. Ele concluiu seu discurso argumentando que um mundo mais democrático na tomada de decisões é a melhor garantia de paz, desenvolvimento sustentável, direitos dos mais vulneráveis e proteção do planeta.