Nesta segunda-feira, os números divulgados pelo Boletim Focus do Banco Central trazem previsões preocupantes para a economia. O economista Fabrício Velone, em entrevista ao Canal Rural, faz uma análise dos dados, destacando o impacto da queda dos juros no setor de bens duráveis e a desaceleração do crescimento do PIB para 2024.
Segundo Velone, o efeito dos juros na economia não é imediato, mas gradativo ao longo do tempo. A redução da atividade econômica em decorrência da queda dos juros afeta diretamente o crescimento, principalmente no próximo ano. Essa desaceleração pode ser um reflexo do efeito dos juros, que busca conter a inflação, mas também reduz a atividade econômica.
A previsão de queda do IPCA para 2024 abre espaço para possíveis reduções dos juros. No entanto, é fundamental que o Banco Central acompanhe o cenário fiscal para tomar decisões embasadas. Os números de inflação já apontam para uma desaceleração e o setor de serviços é uma das preocupações há algum tempo.
Velone ressalta que, se o cenário se mantiver favorável, setembro pode ser o momento para o Banco Central sinalizar uma redução de juros mais significativa. O Boletim Focus também revisou a projeção da taxa Selic para baixo, de 12,75% para 12%. Essa expectativa do mercado reforça a necessidade de o Banco Central buscar a redução dos juros para impulsionar alguns setores, como o de bens duráveis, que têm sofrido com os altos índices.
A indústria automobilística e o setor imobiliário e da construção civil são os mais afetados pela alta dos juros. Cortes de vagas de trabalho e medidas como o layoff já têm sido adotados, gerando uma aceleração indesejada nesses segmentos.
Diante dessas projeções, o Banco Central terá que analisar atentamente os dados e avaliar o momento adequado para promover cortes de juros, buscando equilibrar a desaceleração da inflação e estimular o crescimento econômico. Acompanhar os indicadores e o cenário fiscal será fundamental para a definição das medidas a serem adotadas nos próximos meses.