Um memorando de 11 páginas enviado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos à Casa Branca delineia as medidas adotadas para cumprir a ordem executiva anti-trans de Donald Trump. O documento, obtido pela 404 Media por meio da Lei de Liberdade de Informação (FOIA), revela que o Pentágono não apenas alterou as sinalizações dos banheiros para “refletir o sexo biológico”, mas também se comprometeu a “monitorar os espaços íntimos para garantir a conformidade contínua” e a “avaliar e atualizar esses espaços à medida que necessário”.
Consequências da ordem executiva de Trump
A ordem executiva intitulada “Defendendo Mulheres” foi uma ação abrangente contra pessoas trans e não-binárias dentro do governo federal. Ela exigia que as agências federais eliminassem sites e recursos que mencionassem essas identidades, acabassem com programas de diversidade e inclusão e retirassem banheiros de gênero inclusivo, entre outras políticas anti-trans. Como parte deste processo, as agências foram instruídas a apresentar um memorando ao presidente detalhando as ações tomadas para garantir a conformidade. Até o momento, a 404 Media analisou as comunicações de 11 diferentes agências, com a maioria dos memorandos sendo breves e genéricos, enquanto o do Pentágono se destaca por ser muito mais extenso e detalhado.
Medidas detalhadas no memorando do Pentágono
O memorando do Pentágono é notavelmente abrangente, incluindo informações sobre funcionários que foram colocados em licença administrativa porque se acreditava que suas funções promoviam “ideologia de gênero”. O Pentágono indicou que identificou 69 pessoas nessa categoria e, após avaliação, retornou 67 delas aos seus postos, considerando que suas funções não estavam relacionadas à promoção dessa ideologia.
Além disso, o Departamento de Defesa suspendeu todas as postagens em redes sociais durante 10 dias como preparação para reorientar o conteúdo dessas plataformas. O jornal militar Stars and Stripes, que historicamente goza de independência editorial, também foi afetado por esta ordem, sendo colocada uma “retenção de revisão em conteúdo questionável”.
Impacto na liberdade de imprensa
A Stars and Stripes foi fundada durante a Guerra Civil em 1861 e sempre foi um veículo de liberdade de imprensa, sem censura ou interferência de comando. No entanto, a retenção de revisão de conteúdo para garantir a conformidade com uma ordem executiva é vista como uma forma de censura. A publicação não respondeu a um pedido de comentário sobre a situação atual, mas o porta-voz do Pentágono, Kingsley Wilson, afirmou que “apoiamos a Primeira Emenda, e encorajamos todos os meios de comunicação a serem justos e honestos em suas reportagens sobre esta administração e o Departamento”.
Políticas sobre espaços íntimos e banheiros
O memorando também aborda as mudanças nas políticas sobre banheiros, vestiários e outros “espaços íntimos”, que incluem não apenas a alteração da sinalização, mas também uma revisão dos banheiros para garantir que estejam “designados pelo sexo biológico”. O Departamento de Defesa afirmou que continuará a monitorar esses espaços para assegurar a conformidade contínua, além de implementar relatórios periódicos para avaliação e atualização constantes.
De acordo com o porta-voz do Pentágono, “em linha com a ordem executiva do Presidente Trump, o Departamento de Defesa está tomando as medidas apropriadas para assegurar que os espaços íntimos destinados a mulheres, garotas ou fêmeas (ou a homens, meninos ou machos) sejam designados pelo sexo e não pela identidade”.
Tensões em torno da diversidade e inclusão
A ordem de Trump e as instruções de Hegseth em relação a Diversidade, Equidade e Inclusão também levantaram preocupações sobre a inclusão de pessoas trans nas Forças Armadas, afetando pelo menos 15.000 membros do serviço. O assunto tem sido alvo de várias ações judiciais com base na discriminação e nos direitos dos indivíduos trans.
O caminho para a inclusão e a igualdade continua a ser um tema de intenso debate. Com as ações do Pentágono, fica evidente que as políticas do governo atual vão de encontro à busca por um ambiente militar mais inclusivo e representativo.
Esta situação segue em evolução, e a 404 Media continuará a investigar e relatar as consequências destas políticas e o impacto sobre os indivíduos afetados.
