No último dia 22 de julho, durante as audiências do núcleo 3 da suposta trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado da Polícia Federal (PF), Fabio Shor, revelou que ainda existem investigações em andamento para identificar mais nomes envolvidos nas operações desse plano, que já está sendo julgado pela Corte. As declarações de Shor levantam novos questionamentos sobre a profundidade da suposta conspiração.
Investigação avança no STF
O delegado foi questionado durante seu depoimento a respeito das possíveis conexões de Wladimir Mato Soares, um policial federal que se declarou disposto a fazer “meio mundo” por Jair Bolsonaro (PL). Wladimir enfrenta acusações por ter compartilhado informações sensíveis sobre a segurança do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em resposta, Shor enfatizou que as investigações continuam e que todos os detalhes estão registrados em relatórios da PF. “A investigação está toda nos autos, aquilo que foi identificado. Existem investigações ainda em andamento em relação à identificação de outras pessoas que atuaram no campo operacional”, destacou Shor.
“A investigação está toda nos autos, aquilo que foi identificado. Existem investigações ainda em andamento em relação à identificação de outras pessoas que atuaram no campo operacional”, disse Shor.
Depoimentos e novos desdobramentos
O depoimento do delegado Shor ocorreu em um contexto de intensa supervisão no STF, onde ele já havia se apresentado anteriormente. Shor relatou que a PF une dados que indicam uma rede de monitoramento de autoridades, incluindo o presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes. Em áudios, Wladimir foi flagrado discutindo operações que visavam a segurança do presidente Lula, com um tom alarmante ao mencionar um potencial grupo armado para cercar ministros do STF.
“Como nós expusemos no relatório final e no relatório de análise, uma equipe operacional que estava pronta para prender e executar o ministro Alexandre Moraes”, disse o delegado.
As declarações de Shor mostram que a PF investigou não somente Wladimir, mas também outros membros das forças armadas que, segundo a acusação, faziam parte de uma organização criminosa cuja intenção era garantir a permanência de Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas eleições de 2022. O delegado mencionou ainda que o grupo articulava uma série de ações que incluíam um atentado ao Estado Democrático de Direito.
Quem são os réus do núcleo 3 da trama?
Os integrantes do núcleo 3, que foram mencionados nas investigações, incluem altos oficiais do Exército e outros membros da força policial. Entre eles, destacam-se:
- Bernardo Romão Correa Netto – coronel do Exército;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira — general da reserva do Exército;
- Fabrício Moreira de Bastos — coronel do Exército;
- Hélio Ferreira Lima — tenente-coronel do Exército;
- Márcio Nunes de Resende Júnior — coronel do Exército;
- Rafael Martins de Oliveira — tenente-coronel do Exército;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo — tenente-coronel do Exército;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior — tenente-coronel do Exército;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros — tenente-coronel;
- Wladimir Matos Soares — policial federal.
O que está em jogo?
As implicações legais e políticas dessas investigações são substanciais. A Procuradoria Geral da República (PGR) afirma que os réus, ao se reunirem após a eleição, discutiram a elaboração de uma carta que poderia ser encarada como golpista, visando mobilizar as Forças Armadas e gerar um impacto que pudesse favorecer Bolsonaro. Os planos, segundo a PGR, incluíam ações que poderiam resultar em assassinatos de figuras-chave no governo atual.
À medida que as investigações continuam, a sociedade brasileira se encontra atenta a esses desdobramentos, que não apenas desafiam o Estado de Direito, mas também testam a resistência das instituições democráticas do país.
Em um clima tenso, as audiências estão longe de terminar, e o papel da Polícia Federal e do STF na busca por verdade e justiça será crucial. O que fica claro é que a luta pela proteção da democracia brasileira ainda está em seus estágios iniciais.
Leia mais sobre a investigação no site do Metrópoles.