No que se configura como um dos maiores esquemas de estelionato contra idosos no Brasil, a Operação “Entre Lobos” levou à prisão de duas advogadas e o marido de uma delas em Fortaleza, Ceará. No total, a fraude lesou mais de 200 pessoas, resultando em prejuízos que ultrapassam R$ 5 milhões. A ação foi realizada nesta terça-feira (22) e faz parte de uma investigações coordenadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), visando desarticular uma organização criminosa que operava em pelo menos cinco estados brasileiros.
Como funcionava o golpe
Segundo informações do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Ceará (MPCE), a organização atuava predominantemente na exploração financeira de idosos e aposentados. As vítimas eram abordadas em suas residências ou através de estratégia online, sendo persuadidas a assinar contratos de cessão de créditos judiciais relacionados a ações revisionais de contratos bancários. Este procedimento ocorria muitas vezes sem que os clientes tivessem total compreensão do que estavam assinando.
As vítimas, que tinham em média 69 anos, eram enganadas a assinar documentos que transferiam seus direitos a empresas de fachada vinculadas ao esquema criminoso. Uma dessas empresas era o Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP), que se apresentava como uma instituição legítima, mas servia apenas como um elo entre as vítimas e os golpistas. Através do site do IDAP, os idosos eram levados a preencher documentos com informações que possibilitavam a ação judicial.
A dimensão do problema
Apesar de até agora cerca de 215 vítimas terem sido identificadas, o MPSC estima que o número total pode ultrapassar mil. A investigação começou há quase um ano após várias denúncias de que havia pessoas explorando a vulnerabilidade dos idosos em busca de dinheiro fácil ao prometer renegociações de contratos bancários.
Responsáveis e empresas envolvidas
As investigações revelaram que as advogadas, cujo nome ainda não foi divulgado, operavam em conjunto com as empresas de fachada, como Ativa Precatórios e BrasilMais Precatórios. Estas últimas, além de oferecer uma aparência legal às operações, também efetuavam transferências de dinheiro que deveriam ser devolvidas às vítimas. De acordo com os dados apurados, a empresa Ativa Precatórios liberou cerca de R$ 924.479,10 pela Justiça, mas as vítimas receberam apenas R$ 91.600,00, representando um retorno de apenas 9,91% do total.
De maneira similar, a BrasilMais Precatórios liberou R$ 5.106.773,12, enquanto os idosos recebiam R$ 503.750,00, totalizando uma taxa de pagamento de 9,86%. Esses dados revelam uma gigante apropriação indevida de valores, somando mais de R$ 4 milhões que deixaram de ser devolvidos aos seus legítimos donos.
A abrangência dos crimes
A organização criminosa tinha atuação em estados como Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas, com planos até de expansão para São Paulo e outras regiões. A abordagem às vítimas ocorria em várias comarcas, e o MPSC oferece orientação às pessoas que acreditam ter sido lesadas a procurar a Delegacia de Polícia Civil mais próxima para registrar um boletim de ocorrência.
Consequência e alerta à população
A Operação “Entre Lobos” fortalece a luta contra a exploração financeira de idosos, um grupo cada vez mais vulnerável a fraudes. O caso salienta a importância de campanhas de conscientização sobre possíveis golpes e a necessidade de medidas legais contra os responsáveis pela organização criminosa. Para os envolvidos, as consequências legais parecem ser inevitáveis, mas para as vítimas, a luta por justiça ainda está apenas começando.
Com a apreensão de 25 veículos e o bloqueio de até R$ 32 milhões, o Ministério Público segue monitorando o caso, reforçando a necessidade de proteção aos direitos dos mais velhos e a importância da denúncia de práticas abusivas.
Para mais informações sobre a operação, bem como para acompanhar desdobramentos sobre o caso, fique atento às notícias e busque sempre garantir seus direitos e os de aqueles que possam estar sendo lesados.