O Partido dos Trabalhadores (PT), sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda permanecerá vivo politicamente, desde que não seja preso e mantenha suas atuais restrições. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deu até esta terça-feira (22/7) para que a defesa de Bolsonaro se manifeste sobre o “descumprimento das medidas cautelares”, alertando que a desobediência pode resultar em prisão imediata.
A importância da relevância política de Bolsonaro
Um dos influentes membros do PT, que preferiu não se identificar, declarou que mesmo com as limitações impostas, como a obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica, Bolsonaro continuará a exercer alguma influência, apoiado por aliados que se dispõem a divulgar suas ideias. Na visão do partido, as restrições de Moraes dificultarão a ação de Bolsonaro, mas não o eliminarão do cenário político.
Os petistas destacam que o PL, partido de Bolsonaro, já delineou duas estratégias de reação: a criação de redes de comunicação digital e a mobilização de apoio nas ruas. Essas iniciativas visam garantir que o ex-presidente não caia em ostracismo, mesmo que decida se manter em silêncio. Essa condução política poderá mudar drástica e rapidamente caso Moraes decida pela prisão do ex-presidente.
Enquanto isso, o governo de Lula está em um dilema. De acordo com fontes próximas à presidência, há discordâncias sobre a melhor abordagem a ser adotada em relação a Bolsonaro. Um ponto de vista sugere que a retirada forçada de Bolsonaro do cenário político poderia diminuir a polarização e, consequentemente, beneficiar o fortalecimento da popularidade do governo. Por outro lado, outros acreditam que essa ação poderia desestabilizar ainda mais a direita, potencializando uma guerra interna entre os diferentes grupos que apoiam Bolsonaro.
A postura da direita em relação a Bolsonaro
Os governistas apontam que a ausência de um mediador, casado com a pressão externa sobre Bolsonaro, poderá intensificar disputas internas. Por exemplo, já houve conflitos internos entre Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, acerca das sanções dos Estados Unidos. A situação tensa foi, em parte, apaziguada pela intervenção do próprio Bolsonaro.
Medidas cautelares impostas ao ex-presidente
As medidas cautelares atualmente em vigor contra Bolsonaro incluem:
- Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica;
- Recolhimento domiciliar obrigatório durante a noite e integral em finais de semana;
- Proibição de contato com embaixadas e consulados;
- Impedimento de comunicação com investigados da trama golpista;
- Proibição de uso de redes sociais, tanto diretamente quanto indiretamente.
A última medida, que proíbe o contato de Bolsonaro com as redes sociais, é vista como crucial para limitar sua influência. Recentemente, o ex-presidente tentou evitar uma prisão, mantendo-se em silêncio na chegada ao Congresso Nacional, mas acabou fazendo declarações impulsivas ao mostrar a tornozeleira eletrônica à imprensa.
Contexto da crise e suas implicações
O contexto que envolve as medidas cautelares contra Bolsonaro está atrelado a acusões graves de coação e obstrução de justiça, relacionadas a tentativas de golpe de Estado. O STF aplicou as restrições após alegações de que o ex-presidente havia incentivado sanções apresentadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que incidiram sobre produtos brasileiros.
A Polícia Federal informa que Bolsonaro teria incentivado essas medidas, buscando instigar seus seguidores contra o Judiciário, o que poderia resultar em novas complicações nas relações bilaterais do Brasil com os Estados Unidos.
Desse modo, o futuro político de Jair Bolsonaro está atrelado a uma série de fatores, que vão desde a efetividade das medidas cautelares até a dinâmica das disputas internas na direita. O que muitos ainda se perguntam é até que ponto essas restrições realmente poderão silenciar um ex-presidente que, mesmo sob pressão, ainda busca manter sua relevância no cenário político.
