No último domingo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se tornou o centro das atenções ao fazer ameaças à Polícia Federal (PF) durante uma transmissão ao vivo em suas redes sociais. As declarações ocorreram apenas dois dias após a operação que atingiu seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), culminando num clima de tensão entre o parlamentar e as instituições responsáveis pela segurança pública no Brasil.
Ameaças e reações
Durante a live, Eduardo Bolsonaro dirigiu-se de maneira agressiva a um dos delegados da PF, Fábio Shor, responsável por investigações contra ele e seu pai. “Vai lá, cachorrinho da Polícia Federal que tá me assistindo… Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui”, afirmou o deputado, insinuando retaliações contra agentes da PF que estariam de olho em suas atividades.
A reação da PF não demorou a chegar. O diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, classificou as declarações como uma “covarde tentativa de intimidação”. Em entrevista ao blog da Andréia Sadi, Rodrigues afirmou que nenhum investigado intimidará a Polícia Federal e que medidas legais seriam tomadas em resposta à ocorrência de novas ameaças.
Investigação em curso
Eduardo Bolsonaro não é um estranho ao tema de investigações. Atualmente, ele é alvo de um inquérito que envolve suposta obstrução da Justiça, coação no curso do processo e até tentativas de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Recentemente, o deputado havia sido alvo de um procedimento administrativo disciplinar (PAD) por declarações feitas contra o delegado Fábio Shor, o que pode indicar uma deterioração ainda maior em sua relação com a PF.
Além disso, o deputado voltou a criticar abertamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sugerindo que não considera o ministro digno de ocupar um cargo na corte máxima do país. “Trabalharei para isso também, tá, Moraes?”, declarou Eduardo, enfatizando sua intenção de coletar apoio para a retirada do ministro do STF.
Entenda a operação da PF
A investigação que levou as ações da PF contra Jair Bolsonaro abrangeu uma série de suspeitas, incluindo obstrução à Justiça e coação no curso do processo, entre outras acusações graves. Após a operação, o ex-presidente foi submetido a medidas cautelares, como o recolhimento domiciliar noturno e a proibição de se comunicar com diplomatas e usar redes sociais. O cumprimento das diretrizes se deu após um mandado de busca e apreensão em sua residência e no escritório do PL em Brasília.
Os investigadores descobririam um risco de fuga por parte do ex-presidente, tendo apreendido, inclusive, uma quantia significativa em dinheiro durante a operação, assim como dispositivos eletrônicos que poderiam conter informações comprometedoras.
Comentários sobre política internacional
Além das ameaças à PF e críticas ao STF, Eduardo Bolsonaro provocou polêmica ao opinar sobre a política internacional, citando a necessidade de uma “anistia ampla” aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, em referência aos eventos que tiveram forte repercussão no cenário político brasileiro. Ele também solicitou que os Estados Unidos aplicassem sanções ao ministro Alexandre de Moraes e criticou as políticas do governo Lula, reforçando a narrativa de que crimes estariam sendo cometidos sob o amparo do Estado, colocando em risco a democracia no Brasil.
As recentíssimas declarações de Eduardo Bolsonaro e o clima tensional em torno do ex-presidente e das investigações em curso levantam questionamentos sobre a resistência e possíveis repercussões futuras na política brasileira. Enquanto isso, a PF e o STF se veem diante do desafio de manter a ordem e a integridade das investigações em um ambiente tão polarizado.