O recente tarifaço promovido pelo ex-presidente americano Donald Trump, que impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, não apenas afetou a economia, mas também deteriorou a imagem dos Estados Unidos entre os brasileiros. A pesquisa Genial/Quaest revela que a maioria da população brasileira desaprova a postura de Trump, demonstrando um aumento da aversão ao governo americano e, consequentemente, aos seus representantes.
Rejeição crescente às ações de Trump
A pesquisa mostrou que 72% dos brasileiros consideram errado o condicionamento das tarifas a processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, 79% acreditam que suas vidas serão afetadas negativamente por essas medidas. O quadro se agrava com a percepção de que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, segundo 63% da população, é injusta, complicando ainda mais o cenário político e econômico.
Para o cientista político Guilherme Casarões, professor da FGV EAESP, a aproximação do Brasil com o nacionalismo acaba afastando a imagem tradicionalmente positiva que os brasileiros tinham dos Estados Unidos. Ele explica que, historicamente, o Brasil sempre os viu como um modelo a ser seguido, mas com as ações de Trump, esse panorama mudou. “Passamos a ser vistos como alvo específico, e essa percepção vai naturalmente se degradar”, conclui.
Impacto do tarifaço na política interna
A rejeição à interferência de Trump no Brasil também reflete um efeito colateral sobre a oposição brasileira, que se vê fragmentada e sem um plano unificado de resposta ao episódio. O clima de divisão se intensifica, enquanto aqueles que apoiam Bolsonaro enfrentam suas próprias dificuldades judiciais. Com isso, a tentativa de Trump de mexer na política interna do Brasil gerou uma sensação de unidade, ao menos temporária, em torno da figura de Lula e do governo atual.
A percepção dos EUA se deteriora
Antes mesmo do tarifaço, pesquisas como a do Pew Research Center já indicavam uma queda na imagem dos Estados Unidos entre os brasileiros, que passou de 64% para 56% de aprovação nos últimos anos. Com o anúncio das tarifas, essa tendência se intensificou, refletindo um crescente desencanto com a política americana.
Além disso, a nova sondagem da Atlas/Bloomberg, feita logo após o anúncio das tarifas, revelou que a imagem negativa de Trump aumentou de 52% para 63,2% em apenas seis meses. Segundo Antonio Lavareda, sociólogo e fundador do Ipespe, a erosão da confiança em relação aos Estados Unidos está se espalhando. “Isso mostra uma tendência de erosão substancial da confiança, que é a base das relações políticas e diplomáticas”, comenta.
A resposta do governo brasileiro
Diante do tarifaço e da deterioração da imagem dos EUA, o governo Lula tem trabalhado para recuperar a confiança da população. A estratégia envolve um discurso nacionalista que reforça a soberania do Brasil, além de explorar símbolos nacionais que foram utilizados anteriormente pelo bolsonarismo. Em uma tentativa de unir o país, até mesmo um boné com o lema “Meu partido é o Brasil” foi produzido.
As ações de Trump não apenas provocaram reações dentro do Brasil, mas também impactaram a política internacional dos Estados Unidos. Em um contexto em que aliados históricos, como Canadá e México, também estão ressentidos, o comportamento hostil de Trump tem feito com que esses países reavaliem suas relações.
Conclusões e reflexões sobre o futuro
O tarifaço de Trump serve como um divisor de águas na percepção do Brasil em relação aos Estados Unidos. À medida que a rejeição cresce e a confiança na relação bilateral se deteriora, as decisões futuras do governo brasileiro e a forma como a política interna será desenvolvida terão um profundo impacto na relação entre os dois países.
Assim, o Brasil se junta a uma lista crescente de nações que estão repelindo a postura de Trump e, consequentemente, observando uma queda significativa na imagem americana. O futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos será moldeado não apenas pelas políticas dos dois países, mas também pelas percepções e emoções da população brasileira.