Nesta segunda-feira (21/7), o Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade às oitivas relacionadas à suposta trama golpista que visava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. A audiência marca o início dos depoimentos do núcleo 3, que, junto ao núcleo 2, é parte das investigações sobre a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Principais testemunhas convocadas
Entre as personalidades que prestarão depoimentos estão o delegado da Polícia Federal (PF) Fábio Shor, que é a principal testemunha indicada pela defesa do ex-assessor Filipe Martins, bem como os generais Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior. Todos os convocados foram intimados e devem comparecer à audiência de hoje.
A ausência do delegado Shor na audiência anterior levou a defesa a solicitar sua intimação, o que foi inicialmente concordado pelo ministro Alexandre de Moraes, mas posteriormente revogado. No entanto, na última quinta-feira (17/7), Moraes determinou que Shor e outros servidores comparecessem à audiência deste dia.
A trama e seus desdobramentos
A investigação da Procuradoria Geral da República (PGR) aponta que Filipe Martins, além de redigir uma minuta que visava apoiar um golpe, teria colaborado com Bolsonaro na tentativa de decretar estado de sítio após as eleições de 2022. Já Marcelo Câmara é acusado de interceptar comunicações e monitorar autoridades críticas ao ex-presidente. Por sua vez, Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), é suspeito de usar recursos públicos para interferir nas eleições, dificultando a votação de eleitores nordestinos.
A PGR classifica esses personagens como membros do núcleo 2 da denúncia, que é composta por três réus e é acusada de elaborar a mencionada “minuta do golpe” e monitorar a atuação de autoridades como o ministro Alexandre de Moraes.
Subgrupos e seu papel na trama
Núcleo 2
- Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da PRF;
- Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Segurança Pública do DF;
- Filipe Martins – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais;
- Marcelo Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
- Marília Ferreira de Alencar – delegada da PF;
- Mário Fernandes – general da reserva do Exército.
Os réus do núcleo 2 estão sendo processados por crimes graves, como a tentativa de golpe de Estado e participação em organização criminosa armada.
Núcleo 3
- Bernardo Romão Correa Netto – coronel do Exército;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira – general da reserva;
- Fabrício Moreira de Bastos – coronel do Exército;
- Hélio Ferreira Lima – tenente-coronel;
- Márcio Nunes de Resende Júnior – coronel;
- Hamilton Mourão – senador e ex-vice-presidente.
O núcleo 3 é acusado de ter se reunido em novembro de 2022, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, para elaborar uma carta golpista a ser enviada aos comandantes das Forças Armadas. Eles supostamente planejaram ações que causariam grande repercussão e mobilização social, com o intuito de favorecer o ex-presidente.
Histórico e implicações da investigação
O caso se desenrola em um contexto político tenso e polarizado no Brasil. As acusações contra Bolsonaro e seus aliados refletem um clima de desconfiança e polêmica sobre as ações tomadas durante o último período de sua presidência. As audiências no STF têm atraído a atenção da mídia e da sociedade, com a expectativa de que revelações importantes sejam feitas.
Os réus respondem por uma série de crimes que incluem a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativas de golpe de Estado, e participação em organizações criminosas armadas. O processo em andamento é um marco importante na luta do Brasil para preservar suas instituições democráticas e enfrentar os desafios trazidos por tais investigações.
Expectativas para o futuro
As oitivas estão previstas para prosseguir nos próximos dias, e a espera por esclarecimentos e novas evidências é grande. A continuidade desse processo pode trazer implicações significativas para o cenário político brasileiro e o futuro de figuras centrais envolvidas na investigação.
A audiência de hoje representa um passo crucial no desdobramento desse que é um dos maiores escândalos políticos recentes do Brasil. O compromisso com a verdade e a justiça será fundamental para a restauração da confiança nas instituições democráticas do país.