A música e a cultura brasileira perderam hoje uma de suas vozes mais vibrantes. Preta Gil, cantora, atriz e ativista, morreu aos 50 anos, após uma longa batalha contra um câncer no intestino. Filha do lendário Gilberto Gil, ela deixou um legado de resistência, alegria e luta pela diversidade e pelos direitos da população LGBTQIAPN+.
A trajetória de Preta Gil
Nascida no Rio de Janeiro em 1974, Preta cresceu sob os holofotes, mas construiu sua própria trajetória artística, marcada pela ousadia e pelo compromisso com causas sociais. Sua música misturava samba, pop e reggae, sempre com letras que celebravam a negritude, o amor livre e o empoderamento feminino. Entre suas principais canções estão “Só o Amor” e “Sinais de Fogo”.
Um nome com história
Preta carregava em seu nome a história de resistência que acompanharia sua vida. Seu registro foi uma das primeiras demonstrações de sua trajetória singular: o tabelião só permitiu que se chamasse “Preta” se incluísse um nome católico – daí veio o “Maria”, em homenagem à Mãe Divina, como ela mesma relatava.
O impacto na televisão e nas redes sociais
Além da música, Preta brilhou na televisão, participando de novelas e programas de variedades, onde sua personalidade contagiante conquistou o público. Nos últimos anos, ela enfrentou publicamente sua doença, usando sua visibilidade para alertar sobre a importância do diagnóstico precoce e do autocuidado.
Empresária e ativista social
Preta também foi empresária, à frente da Music2Mynd, e utilizou sua voz para pautas sociais, como a saúde pública e o combate ao racismo. Sua trajetória foi marcada pela ousadia e pela resiliência – características que se intensificaram em seus últimos anos, durante a batalha contra o câncer. Ela deixa um legado inestimável de empoderamento e inspiração.
A longa batalha contra a doença
Em janeiro de 2023, Preta foi diagnosticada com um adenocarcinoma no intestino. Desde então, enfrentou quimioterapia, radioterapia, cirurgias e internações, documentando publicamente sua jornada para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce. Em 2023, passou por uma sepse grave, que a levou à UTI, e precisou usar uma bolsa de ileostomia após a retirada de parte do intestino.
Desafios pessoais durante o tratamento
Mesmo em tratamento, Preta enfrentou uma separação conjugal, que abordou com franqueza, criticando a pressão social sobre mulheres em tratamento. No final de 2024, o câncer voltou com metástases, e ela buscou alternativas de tratamento no exterior, incluindo uma cirurgia em dezembro para remoção de novos tumores.
Mesmo com a doença avançada, manteve-se ativa nas redes sociais, transmitindo força e otimismo aos fãs. Em 2025, revelou que passou a usar uma bolsa de colostomia definitiva, para a eliminação de fezes e gases, após ter tido o reto amputado devido ao câncer.
Preta Gil deixa um legado atemporal e afetuoso, refletindo suas lutas e vitórias. Sua partida representa uma perda irreparável para todos que se inspiraram em sua coragem. Sua história continua a ressoar em corações e mentes, contribuindo para um Brasil mais inclusivo e consciente.
Preta Gil deixa o único filho, Francisco Gil, sua família e milhões de fãs que se inspiravam em sua força e sua arte.