No último domingo (20/07), o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos, repudiou publicamente as ameaças feitas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a investigadores da corporação durante uma live em seu canal no YouTube. As declarações de Eduardo não apenas visaram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, mas também incluíram ameaças diretas a membros da PF, em especial ao delegado Fábio Shor, que está à frente da investigação sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ameaças e intimidações
Eduardo Bolsonaro foi bastante enfático em sua fala, utilizando um tom agressivo para se referir aos investigadores e ao próprio sistema judiciário. “Cachorrinho da Polícia Federal que tá me assistindo, deixa eu saber, não. Se eu ficar sabendo quem é você… Ah, eu vou me mexer aqui”, disse o deputado, expressando uma postura desafiadora e ameaçadora. Ele ainda insinuou que estaria preparado para ir “até as últimas consequências” em sua luta, reforçando suas intenções de afastar o ministro Moraes do STF.
“O couro é duro, a guerra não acabou, vai vir mais sacrifício aí pela frente”, proferiu Eduardo, instigando ainda mais as tensões entre a política e a justiça no Brasil.
Andrei Passos respondeu à situação com indignação, afirmando que a herança de intimidações à PF não será tolerada. “É preciso deixar uma posição institucional forte: ninguém irá intimidar a PF em suas investigações”, destacou. O diretor da PF afirmou que recebeu as palavras de Eduardo com “indignação” e que a Polícia Federal não se deixará coagir por quem quer que seja.
Live e repercussões
A live de Eduardo Bolsonaro teve contexto no encerramento de sua licença na Câmara dos Deputados, onde comentou sobre uma carta que publicou após o pai, Jair Bolsonaro, ser alvo de operações da PF e de medidas cautelares do STF. Durante a transmissão, o parlamentar fez uma série de declarações que geraram preocupação e críticas tanto no meio político quanto nas redes sociais.
Além das ameaças, Eduardo também fez afirmações pessoais e familiares, onde sua filha brincava durante a live. O parlamentar, em um tom que misturava leveza e gravidade, interagiu com a criança deixando uma mensagem ambígua sobre sua posição dentro da política. “Prefiro morrer no exílio do que ser preso”, falou, enquanto sua filha revelava seu carinho e admiração por ele, descrevendo o pai como “herói”.
Esse tipo de discurso gerou reações variadas, com integrantes de diferentes partidos levantando preocupações sobre o estado da democracia e do respeito às instituições no país.
Consequências legais em vista
Eduardo Bolsonaro é alvo de um inquérito aberto no STF que investiga crimes como coação no curso do processo e obstrução de investigação policial em situações que envolvem organização criminosa. A situação do parlamentar se complica ainda mais com as ameaças proferidas, que podem resultar em novas medidas legais contra ele.
Com o clima de polarização política intensificado, o papel da PF e de outros órgãos de justiça será crucial para determinar os próximos passos das investigações e o respeito às leis no Brasil. O diretor-geral da PF reafirmou que a corporação seguirá seus procedimentos com independência e rigor, alinhando-se com a defesa da democracia e do Estado de Direito.
Por fim, a reação da sociedade civil e das instituições poderá moldar o desdobramento dessa nova crise política, que coloca em questão não somente a relação entre Legislativo e Judiciário, mas também a própria resistência da democracia brasileira diante de discursos que podem ser consideráveis como tentativas de intimidação.