Professores de várias idades têm relatado um aumento preocupante de comportamentos misóginos entre estudantes, especialmente nas séries iniciais e no ensino médio. Comentários e atitudes que denotam desrespeito às mulheres, aliados ao consumo de conteúdo prejudicial na internet, estão se tornando uma preocupação crescente nas salas de aula brasileiras.
Misoginia entre os jovens e o impacto das redes sociais
Professores compartilharem suas experiências na plataforma Reddit revelaram que crianças de poucos anos também manifestam ideias machistas. Uma professora de quarta série afirmou que seus alunos já discutem como “mulheres não podem liderar” e mencionam influenciadores como Andrew Tate, conhecido por promover visões extremas de masculinidade e misoginia.
Segundo relatos, o algoritmo das redes sociais reforça esses discursos ao direcionar conteúdos extremamente machistas e de teor alt-right. Uma estudante de ensino médio comentou que adolescentes, inclusive de séries iniciais, assistem a vídeos e memes que promovem ideias de dominação e desrespeito às mulheres, mesmo que digam que não levam a sério.
Reações dos professores e tentativas de intervenção
Algumas educadoras relataram estratégias para lidar com a questão, como promover o respeito e combater a misoginia com diálogo e exemplos positivos. Um professor de 46 anos afirmou que, há anos, percebe sinais precoces desse comportamento, que se intensificou com o tempo.
Outro destaque foi a dificuldade de se fazer ouvir perante os estudantes, especialmente quando aparecem referências a influenciadores como Tate. Uma professora observou que, muitas vezes, os alunos rejeitam suas tentativas de correção, chamando-a de “simp” ou menosprezando suas opiniões.
Influência familiar e cultural na formação dessas ideias
Relatos também apontam que o ambiente familiar influencia o crescimento de ideias machistas. Uma professora de primeiras séries explicou que crianças cujo pais demonstram apoiar discursos ultraconservadores ou votaram em determinados políticos tendem a reproduzir essas opiniões, inclusive preferindo que mulheres não tenham direitos políticos.
Pesquisadores e especialistas alertam que o impacto dos algoritmos e do consumo contínuo de conteúdo online radicaliza o comportamento dos jovens, formando uma espécie de “bolha de ódio” digital que reforça estereótipos negativos e desrespeitosos.
Desafios e perspectivas futuras
O fenômeno exige uma resposta coordenada de professores, pais e instituições. A implementação de programas educativos que promovam a igualdade de gênero e o combate ao discurso de ódio são apontadas como essenciais para reverter essa tendência.
Especialistas destacam a importância de conscientizar as famílias e regulamentar o conteúdo acessado por crianças e adolescentes, além de fomentar ambientes escolares seguros e de respeito mútuo.
O debate sobre a misoginia crescente nas novas gerações é fundamental para construir uma sociedade mais igualitária, promovendo educação e conscientização desde as fases iniciais de formação.